A ERA DE OURO DO RÁDIO - 1920 Á 1960 NO BRASIL E NO MUNDO

Era do Rádio (Old-time rádio ou Golden Age of Radio, em língua inglesa) é o período que, nos Estados Unidos e outros países, compreendeu os anos de sucesso das emissoras de rádio.

Nos EUA foram as décadas de 20 e 30, enquanto no Brasil o auge desse meio de comunicação ocorreu nos anos 40 a 50 do século XX.

Até a chegada da televisão o rádio era o veículo de comunicação de massas com maior alcance e imediatismo.

A década de 30 marcou o apogeu do rádio como veículo de comunicação de massa, refletindo as mudanças pelas quais o país passava. O crescimento da economia nacional atraía investimentos estrangeiros, que encontravam no Brasil um mercado promissor.

A indústria elétrica e a indústria fonográfica proporcionaram um grande impulso à expansão radiofônica. A Era do Rádio e a Era de Ouro dos Cassinos estão associados a alguns artistas famosos que tiveram suas carreiras impulsionadas pela divulgação no rádio, e como palco ou referências de grandes shows os famosos cassinos da primeira metade do século 20.

O Rio de Janeiro desta época, Capital da República, era cheio de glamour, efervescência cultural e centro da política brasileira. O Cassino da Urca marcou uma época, e talvez tenha sido o mais famoso de todos.

Grandes nomes do cenário artístico nacional e internacional lá se apresentaram. Entre os artistas nacionais que lá fizeram shows memoráveis estão Carmen Miranda, Emilinha Borba e Grande Otelo.

1938 – 1945: Quando a Rádio Nacional foi fundada, no ano de 1936, o mundo inteiro ainda mal refeito da primeira Grande Guerra esperava pela eclosão de um novo conflito. No Brasil, Getúlio Vargas governava com aparência de alguma legalidade.

Fora eleito por uma Assembleia Constituinte, por ele mesmo nomeada, em 1934. Entretanto, o golpe que viria a implantar o Estado Novo encontrava-se em gestação.

O governo conseguira a pouco debelar a Intentona Comunista, liderada por Luís Carlos Prestes. Foi neste cenário, que a Rádio Nacional foi concebida.

A Rádio Nacional marcou a radiofonia no Brasil. Em seus quadros, brilhavam os talentos de Iberê Gomes Grosso, Luciano Perrone, Almirante, Radamés Gnattali e Dorival Caymmi.

Em 1940, a Rádio Nacional foi encampada pelo governo de Getúlio Vargas, a programação ganhou novo formato, sob a direção de Gilberto de Andrade.

O auge do rádio no Brasil ocorreu a partir dos anos 40, quando o país assiste o surgimento de ídolos, novelas e revistas a expor o meio artístico.

Dessa época são nomes como Mário Lago, Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Paulo Gracindo, Janete Clair e muitos outros, que eram retratados na Revista do Rádio, de Anselmo Domingos.

Apesar de ter garantido por várias décadas papel de destaque na sociedade brasileira, em fins da década de 1950, com a concorrência da televisão, o rádio começou a perder prestígio, uma vez que a recente novidade reunia não apenas som, mas também imagem. Além do mais, ficava caro manter um cast de atores e atrizes.

Bem mais além do que mero meio de comunicação, o rádio no Brasil possibilitou a consolidação de gêneros musicais e teve importante participação na conformação política do país ainda na primeira metade do século XX.

As transformações urbanas que foram elementares na forma que a canção popular adquiriu no Brasil são o contexto do momento de crescimento e difusão das ondas radiofônicas e é, do mesmo modo, o advento do rádio sinônimo da modernização corrente nos idos das décadas de 1920 e 1930.

Angela Maria

Cauby Peixoto

Emilinha Borba

Mario Lago

Paulo Gracindo

Janete Clair

Envolta na nostalgia dos mais antigos e na curiosidade de outras gerações, a Era do Rádio é até os dias de hoje motivo de pesquisa e interesse, sobretudo pela quantidade de informação e de figuras destacadas da cultura nacional em sua consolidação no nosso país.

A primeira transmissão radial ocorreu em 07 de Setembro de 1922 como parte dos comemorativos que celebravam o centenário da Independência do Brasil.

A transmissão teve como destaque um discurso do então Presidente da República, Epitácio Pessoa. Também foram espalhadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói e Petrópolis, aproximadamente 80 receptores que captavam árias encenadas no Teatro Municipal de São Paulo d’O Guarani, de Carlos Gomes.

A primeira transmissão por rádio já prenunciava, de alguma maneira, o futuro ligado às manifestações nacionalistas que seriam recorrentes durante o governo Vargas, época de maior expansão das ondas radiofônicas.

Ainda na década de 1920 dois episódios marcam o início da Era do Rádio no Brasil, de acordo com Sérgio Cabral: a fundação da Rádio Sociedade, por Roquette Pinto e Henrique Morize em 1923 e a fundação da Rádio Clube Brasil, no ano seguinte.

Tais rádios funcionavam por poucas horas e em dias alternados, o que há, no entanto, no estudo de Sergio Cabral que nos chama a atenção é sua tese de que o rádio retira a música popular do terreno do amadorismo e a situa, em um processo paulatino, como também uma forma de profissionalização. Isso viria a ocorrer de modo mais acentuado durante a década de 1930.

A profissionalização do cantor com o advento do rádio veio junto de um repertório, por isso não foi ao acaso que a partir da década de 1930 o samba ganha cada vez mais relevância no cenário cultural brasileiro, se torna mais comercial e alia a figura do cantor às ondas radiofônicas, a venda de discos e ao gênero musical, em um circuito que nos permite visualizar uma lógica mercadológica sobre as canções.

No entanto, quem eram os artistas e quais canções interpretavam? Foi a partir desse momento que passam a ser ouvidas com destaque as composições de Ismael Silva, Wilson Baptista, Noel Rosa e outros.

Além disso, surgia a seara dos intérpretes, aqueles que se tornaram figuras recorrentes no rádio como Mário Reis e Francisco Alves (O rei da voz) e, entre as cantoras, Aracy de Almeida, Carmem Miranda e Dalva de Oliveira.

Wilson Baptista e Noel Rosa

Dalva de Oliveira

Aracy de Almeida

Francisco Alves

Um fato é importante para pensarmos a difusão radiofônica no Brasil na década de 1930: um aspecto que é mecânico, mas que ao mesmo tempo tornou-se político-cultural e diz respeito ao modo como as emissoras operavam. As antigas estações transmitiam apenas em AM (Amplitude Modulation), em ondas curtas ou longas.

Não entraremos no mérito das questões físicas do funcionamento do rádio, mas basta compreendermos que as ondas longas possuem baixo alcance da frequência, ao passo que as curtas têm maior irradiação. Os aparelhos, por sua vez, chegavam aos lares dos brasileiros com dispositivos capazes de sintonizar o tipo de onda que se queria captar.

Dessa maneira, uma família residente da cidade de São Paulo podia escolher ouvir o rádio por meio de ondas longas, e sem problema sintonizaria a Rádio Record e aproveitaria a programação disponível, repleta em programas de auditório e variedades musicais, como do mesmo modo, poderia sintonizar o rádio em ondas curtas e para apreciar a programação das emissoras cariocas, como a Roquette Pinto, a Tupi ou a Rádio Nacional.

Essa capacidade de alcance que possuía o rádio foi um filão a ser explorado por Getúlio Vargas a partir da instauração do Estado Novo em 1937.

Como classificam Francisco Weffort, Maria Helena Capelato e outros autores, o governo de Vargas pode ser compreendido pela chave do populismo: um fenômeno político de bastante recorrência na América Latina que tem por objetivo ser paternalista, desenvolvimentista e patriótico.

Getúlio operou mudanças significativas na vida do povo brasileiro, que se estendem desde a criação e consolidação das leis trabalhistas, por meio da neutralização da ação sindical, como pela fundação de indústrias de base capazes de tornar o Brasil um país competitivo do ponto de vista industrial.

Todavia, seus feitos sempre se davam pela negociata com os mais poderosos para que a população mais pobre, que era maioria, tivesse acesso algum tipo de bem – material ou cultural. 

Um dos recursos mais visíveis em governos populistas são as propagandas, por isso Getúlio estampava até mesmo em livros didáticos os valores morais que perpassavam seu governo.

Desse modo, se a educação de crianças já convivia com o varguismo, os pais aprendiam a cartilha do governo por meio de programas radiofônicos, onde se exaltava a pátria e as ações do presidente.

Getúlio Vargas discursando nos microfones da Rádio Nacional: Getúlio tratou criar um aparelho estatal nas rádios brasileiras, a exemplo do que fez também outro presidente sul-americano, também populista e contemporâneo de Vargas, Juan Domingo Perón, na Argentina.

Desse modo, a Rádio Nacional que quando criada em 1936 tinha o caráter de empresa privada, tornou-se em 1940 uma empresa pertencente ao governo brasileiro.

Seu modo de operar por meio de ondas curtas fez com que todo o território brasileiro fosse preenchido pelas ondas da emissora.

O Estado Novo, mais precisamente o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) criou um modelo de programação onde jornalismo e entretenimento caminhavam lado a lado na Rádio Nacional.

Desse período data o surgimento da “Hora do Brasil”, dedicado às notícias do executivo brasileiro, o “Repórter Esso”, jornalismo de plantão que informava em primeira mão os fatos emergenciais, e programas humorísticos que consagraram artistas brasileiros como o “Balança, mas não cai” e “PRK-8”.

Onde atuavam como protagonistas, Paulo Gracindo, Walter D’Ávila e Brandão Filho. Mais tarde, o entretenimento adquire outros contornos com a estreia das radionovelas.

Divas na Era Do Rádio

Os concursos que elegiam as Rainhas do Rádio começaram em 1936, organizados pelo jornal Diário da Noite e pelo bloco carnavalesco Cordão dos Laranjas, no qual a cantora Linda Batista ganhou a coroa, repetindo o feito por três vezes.

Para Maria Luisa Rinaldi, autora do livro “As Rainhas do Rádio”, os concursos se traduziam num fenômeno capaz de caracterizar claramente o processo pelo qual funcionava a Indústria Cultural da época.

Para o radialista Manoel Canário, tornar-se uma rainha do rádio representava prestígio, ao gravar discos, participar dos filmes da chanchada, fazer publicidade, se apresentar no Brasil e no mundo.

A partir delas, surgiu esse mundo glamoroso vivenciado pelos artistas, permanecendo até os dias atuais.

A Associação Brasileira de Rádio (ABR) começou a organizar os concursos a partir de 1948, quando este passou a ter a finalidade de arrecadar fundos para a construção do Hospital dos Radialistas, que acontecia através da venda de ingressos.

Os programas de auditório no qual ocorriam esses concursos era um fenômeno na época.

O concurso era patrocinado por uma grande empresa; eles davam uma espécie de cupom, ou seja, quem comprasse mais o produto ou cupons seria a eleita.

Nas eleições do concurso de Rainha do Rádio, nem sempre o público decidia qual cantora ganharia. Muitas vezes as empresas que patrocinavam as candidatas investiam mais em uma determinada cantora do que em outra, “Sempre houve fraudes nesses concursos, naquela época, não tinha ibope; todos pensavam que a Emilinha iria ganhar, mas o patrocinador decidiu investir mais na Marlene, então ela saiu vencedora”, relata Manuel Canário.

Além de ganhar a coroa, Marlene também ganhou o patrocínio de uma marca famosa de refrigerante, elevando o seu número de fãs.

Mas Emilinha não deixou de ter a sua importância, foi à primeira cantora a ter um fã-clube. Já Marlene participou de toda a programação musical da Rádio Nacional, de 1949 até 1965.

Com essa eleição, Marlene que não era tão conhecida, ao ganhar de Emilinha, adquiriu também o ódio de seus fãs, ocasionando a rivalidade entre as torcidas.

A disputa entre as duas era tanta que Marlene contou que quando ela ganhou o concurso de carnaval, as fãs de Emilinha a esperavam na saída da emissora com pedaços de pau nas mãos.

Outro episódio vivenciado pela cantora Marlene foi uma joelhada na barriga, que sofreu durante sua gravidez, por parte de uma fã de Emilinha.

Marlene

Emilinha

Ser uma Rainha do Rádio era muito importante em uma época em que a mulher só era reconhecida pelo seu trabalho no lar. Ser cantora representava a oportunidade profissional e a perspectiva de carreira heterogênea da população urbana.

A mulher naquela época ficava mais tempo em casa porque não trabalhava fora. Assim, tinha mais tempo para ouvir o rádio, fidelizando e aumentando a audiência dos programas.

A diva representava uma porta de liberdade para a mulher da época, que vivia subordinada ao marido, ao pai e ao machismo da sociedade daquele período.

A influência das divas na formação da música popular brasileira foi extrema; elas influenciaram gerações com seus timbres marcantes e letras intensas, a exemplo das cantoras Maria Betânia, Gal Costa e Elba Ramalho, fãs assumidas das vozes de Dalva, Emilinha e Ângela Maria.

As brigas conjugais entre Dalva e Herivelto Martins inspiravam os compositores. Segundo o radialista Perfilino Neto, a melhor representante dos concursos foi Emilinha Borba, ela se expressava bem, além de possuir boa desenvoltura, mantinha uma postura conservadora; isso lhe dava credibilidade diante de seus fãs, num período onde o preconceito contra as mulheres reinava.

As Divas foram de certa forma uma revolução numa época em que tudo era proibido. Elas eram mulheres à frente do seu tempo, pois para uma mulher ganhar o seu próprio dinheiro, numa sociedade machista, era muita coisa; representava uma autonomia numa época em que a mulher era dependente do marido.

Isso sem contar na vida amorosa das divas que como Dalva de Oliveira se casou novamente, numa época em que o divórcio não era visto com bons olhos.

Dalva e Herivelto

O recurso, entretanto, que viria a subsidiar a propaganda governamental e o funcionamento do rádio com sua programação musical e humorística, era extraído do patrocínio. Getúlio permitiu que diferentes empresas fossem divulgadas no rádio, popularizando marcas e hábitos, acentuando a consolidação da Indústria Cultural no Brasil.

Esse modo de operar economicamente foi a princípio um recurso restrito a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, mas já na segunda metade da década de 1940 tornou-se lugar-comum nas diferentes estações de rádio do país.

Chamamos atenção status profissionalizante que o rádio conferiu aos artistas brasileiros, isso sem dúvida foi também propiciado pelo patrocínio, pois existindo o recurso as rádios de diferentes regiões eram capazes de contratar artistas para manterem em seu cast e tornar diversificada a programação.

Dessa maneira, o sonho do artista não era apenas a gravação de discos, mas sim ser contratado por uma grande emissora radiofônica para as apresentações ao vivo nos programas de auditório.

Dalva de Oliveira coroada “Rainha do Rádio” em 1951. Como dissemos, o samba foi o gênero mais popular na Era do Rádio e suas formas mais originais que preservavam seu contexto de produção e rítmica foram conservados em sua difusão até o Estado Novo.

Nesse momento, em meados da década de 1940, incide sobre o gênero as tentativas de torna-lo representante da identidade nacional, não apenas o gênero e as canções, mas também seus estandartes, como o carnaval.

Getúlio que operava uma política de moralização e virtuosismo das potências e belezas do Brasil, trata, por meio de seus departamentos de cultura limar do samba seus aspectos que remetiam a cultura negra, e consequentemente aos ambientes de marginalização que lhe eram correspondentes naqueles tempos de amplo preconceito.

Assim, o samba passa a ser executado por artistas de voz potente e que não possuíssem identificação com o morro ou outros ambientes, daí a recorrência a Mário Reis e Francisco Alves, o acompanhamento das canções passa a ser feitos por grandes orquestras e dão um ar sofisticado ao gênero, e quando se tratava da programação da Rádio Nacional eram regidos por Radamés Gnatalli, além das letras que supervalorizavam a mulata e as belezas naturais do Brasil.

“O teu cabelo não nega”, “Serra da Boa Esperança”, “Aquarela do Brasil” são exemplos dos caminhos que o samba passa a percorrer. Diante da mesma lógica de “branqueamento” do gênero, é criado o “samba-canção”, que era também acompanhado por grandes orquestras e com versos que engendram o denominado “samba dor-de-cotovelo” além da presença cada vez mais marcante da música latina, como a rumba e o bolero, interpretada no Brasil por artistas que se inspiravam nos grandes conjuntos mexicanos como o Trio Los Panchos.

Cauby Peixoto tornou-se um ídolo na era do rádio. Por esse caminho, cada vez mais focaliza-se a figura do artista e sua representatividade na sociedade, esse processo se transforma com o tempo, mas é o embrião da figura do ídolo que se conhece hoje, fosse por meio dos concursos das Rainhas do Rádio que na década de 1950 imortalizaram Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Emilinha Borba, ou pelo fenômeno que se tornou Cauby Peixoto, Orlando Silva e Nelson Gonçalves.

Pertence ao mesmo cenário a extrema comoção gerada pela morte acidental de Francisco Alves. Em outras palavras, a consolidação do rádio faz com que a música tenha menos importância que o artista.

O paradigma musical consolidado pelo rádio na primeira metade do século XX no Brasil, de acordo com Santuza Cambraia Naves, trouxe à tona o exagero.

De acordo com a autora, tinha-se um entendimento de que a canção necessitava de ampla orquestra e grande potência vocal, e desse modo está inscrita no imaginário brasileiro a Era do Rádio, que a partir das rupturas promovidas pela Bossa Nova passaram a ser redefinidas e reinterpretadas, principalmente por João Gilberto, em 1958.

A EVOLUÇÃO DA MÚSICA NO MUNDO DE 1950 Á 1960

1951

03 de abril, Sam Phillips (Samuel Cornelius Phillips), radialista e produtor musical da Chess Records de Memphis, grava a composição de Ike Turner, tendo Jackie Brenston cantando aquele que é considerado pela maioria, o 1º rock and roll da história: “Rocket 88”. Por ter Jackie Brenston nos vocais, a gravadora creditou a música a Jackie Brenston and His Delta Cats, grupo que nunca exisitiu. Na verdade, a música foi criada por Ike Turner e sua banda em ensaios no Hotel Riverside, em Clarksdale, Mississippi, e gravada por Turner’s Kings of Rhythm. Brenston era apenas um saxofonista do grupo que fez os vocais na gravação. Neste mesmo ano Sam Phillips declararia: “Se eu pudesse encontrar um cantor branco que cantasse com o “ feelling” e o swing de um negro, eu faria 1 milhão de dólares”. E apenas dois anos depois (1953) ele realmente encontra: Elvis Presley.

11 de julho, Alan Freed, radialista branco de Cleveland, tido como criador do termo rock and roll relacionado à música, influenciado pelo sucesso da "Record Rendezvous", loja de discos de Leo Mintz especializada em música negra, e por sugestão deste, estréia o programa Moondog Rock' n' roll Party, que passa a tocar exclusivamente música negra voltada para uma audiência de jovens brancos. Freed cria também uma “caravana” de artistas negros chamada Moon Dog Show, que apresenta-se em bailes com um número gigantesco de jovens. Foram esses bailes, além do programa de rádio, que, quase do dia para a noite, tornaram o rock’ n’ roll uma verdadeira febre que sacudiu o país de uma ponta à outra, para depois ganhar o mundo.

Outubro, Little Richard (Richard Wayne Penniman), com 18 anos, ganha um concurso de talentos no 81 Theater, na cidade de Atlanta, capital da Georgia, o que lhe permite gravar seu 1º disco, um compacto "demo" (teste da gravadora) 45 r.p.m. pela RCA Victor, com “Get Rich Quick e Every Hour”. O disco até foi lançado, mas, por falta de promoção, "encalhou", embora uma das músicas já seja um autêntico rock and roll e a outra, um ótimo Blues. Little Richard na época ainda permaneceria como lavador de pratos em uma lanchonete de uma estação de ônibus.

1952

02 de fevereiro, B.B.King, uma das maiores lendas da história dos Blues, alcança seu primeiro grande sucesso com o lançamento de “3 O'Clock Blues”, gravada em agosto de 1951 pela pequena gravadora Modern Records de Memphis.

02 de fevereiro, Rosco Gordon, cantor e compositor de Memphis (Tennesseee), é um dos criadores do ritmo Ska, com a música “No More Doggin”. O Ska é considerado o precursor do reggae jamaicano.

05 de fevereiro, Bill Haley and The Saddlemen, uma “renegada” banda branca de country, que em maio deste ano mudaria seu nome para “Bill Halley & His Comets” , grava “Rock The Joint”, o primeiro rock' n' roll de músicos brancos da História, (embora seja um “cover” do original de 1949 de Jimmy Preston, um músico negro, como tantos outros covers de negros que seriam gravados por Bill Haley, que se especializaria neste tipo de gravações) e o primeiríssimo lugar das paradas deste ano. Curiosamente, é gravado inicialmente como o lado “b” de um compacto de música country convencional.

21 de março, Alan Freed, um DJ branco da rádio WJW de Cleveland, tido como criador do termo rock and roll, relacionado à música, organiza o 1º concerto de rock’n’roll da história, atraindo mais de 25.000 jovens americanos, em sua maioria negros. Nome do show: Moondog Coronation Ball.

25 de março, a Gibson Guitar Corporation, empresa americana, de Michigan, um dos maiores e mais tradicionais fabricantes de guitarras do mundo, com a consultoria de desenvolvimento do guitarrista Les Paul, inicia a fabricação da Guitarra Gibson Les Paul de corpo sólido, um dos maiores ícones da história da música mundial, especialmente do rock.

13 de junho, Hank Williams, cantor country americano (do Alabama), grava “Jambalaya (on the Bayou)”, o maior sucesso de sua carreira, um dos maiores clássicos da música americana de todos os gêneros e de todos os tempos, conhecida em todas as partes do mundo e com inúmeras regravações até os dias de hoje.

13 de agosto, Willie Mae Big Mama Thornton, cantora americana (Alabama), uma das maiores divas da história do R&B e do Blues, grava “Hound Dog”, um dos maiores clássicos da história do rock dos anos 50, um enorme sucesso nacional, com mais de 2 milhões de cópias vendidas. Entre as inúmeras regravações de Hound Dog, a mais famosa é a de Elvis Presley, de 1956.

1953

Leo Fender cria a guitarra modelo Stratocaster, até hoje um dos modelos mais cultuados pelos maiores guitarristas em todo o mundo, como Elvis Presley, George Harrison, John Lennon, Jimi Hendrix, Mark Knpfler, Kurt Cobain entre muitos outros. O modelo passaria a ser comercializado a partir de 1954.

03 de abril, Bill Haley, que recentemente havia mudado o nome de seu grupo de "Saddlemen" para o mais jovem "Comets", grava “Crazy, Man, Crazy”, o 1º hit de rock’ n’ roll escrito por brancos, (no caso ele mesmo e Marshall Little), que atinge, em maio deste ano, o posto 13º das Paradas Pop.

18 de julho, Elvis Presley, com 18 anos completados em janeiro, recebe seu primeiro salário como motorista de caminhão e paga U$ 4,00 para gravar, de presente para sua mãe, Gladys, um acetato com duas músicas: “My Happiness e That’s When Your Heartaches Begin”, no Memphis Recording Service, mais conhecido, tempos depois, como Sun Records.

Marion Keisker, comunicativa e eficiente secretária do estúdio, nos seus trinta e poucos anos, ouve as gravações e interessa-se por aquele belo rapaz de costeletas e voz poderosa, falando sobre Elvis a Sam Phillips, o proprietário do estúdio, mas ele não lhe presta muita atenção e nem se interessa.

30 de dezembro, estréia o filme O Selvagem (The Wild One), com Marlon Brando. O filme que influenciaria várias gerações de jovens no mundo todo com seu personagem Johnny Strabler, o líder de uma gangue de motociclistas, sempre vestido com uma jaqueta de couro, um boné e pilotando uma moto Triumph Thunderbird de 1950. Alguns exemplos desta influência: Elvis Presley (que se veste como Brando no filme Jailhouse Rock, de 1957), James Dean, os "Hell Angels", os Beatles (no início da carreira também vestiam-se com roupas de couro preto em seus shows, e há até um mito que afirma que o nome do grupo seria baseado na gangue rival de Brando no filme, que se chamava "The Beetles" ("Os Besouros"), apenas trocando um dos "e" por um "a" no nome.

1954

Desde o início de 1954, os grupos negros de Doo-Wop, (estilo musical com ênfase nas vocalizações alternadas "graves-agudas" e "à-capela"), "explodem" em todos os Estados Unidos, dominando as Paradas de Sucesso (inclusive as "brancas") com grupos e músicas como: Sh-Boom do The Chords e Earth Angel, do The Penguins.

Demonstrando o enorme racismo da época, as gravadoras de música pop desesperadamente buscam artistas brancos para gravar os sucessos dos grupos negros e distribuem nas emissoras de rádio essas versões, fazendo com que muitas delas tornem-se hits muito maiores que as originais.

04 de janeiro, Elvis Presley , que no ano anterior pagara U$ 4,00 para gravar duas músicas, volta ao Memphis Recording Service (Sun Records), para gravar novamente, já que gostara da 1ª experiência. Desta vez ele grava “I'll Never Stand In Your Way e It Woldn't Be The Same Without You”. Preço que Elvis paga pelas novas gravações: U$ 8,25.

05 de janeiro, Muddy Waters grava um compacto com “Hoochie Coochie Man”, a 1ª gravação de um dos maiores clássicos da história do Blues. O disco torna-se um enorme sucesso, indo direto para o 8º lugar das Paradas "negras" (R&B) da revista Billboard. Hoochie Coochie Man é tão antológica, que está entre as 500 músicas que moldaram o Rock and Roll do Rock and Roll Hall of Fame e entre As 500 músicas mais importantes de todos os tempos da revista Rolling Stone.

02 de fevereiro, The Midnighters causa furor em todo os EUA com o hit “Work With Me”, Annie, com claras conotações sexuais, provocando ondas de protestos da sociedade conservadora, clamando pelo banimento definitivo da música negra das emissoras de rádio, e apelando para que os pais não comprassem, ou impedissem que seus filhos o fizessem, qualquer tipo de música feita por negros, classificada de "gritos, palavras idiotas e música selvagem, que corrompe a moral da juventude da América".

Em contraposição à esta onda conservadora são lançadas músicas ainda mais explicitamente “Sexyes”, que acabam tornando-se hits de massa em todo o país, como “Sexy Ways”, do próprio The Midnighters (em junho), seguidas por muitas outras de outros grupos.

05 de março, “Mr. Sandman”, um dos maiores ícones dos anos 50, é gravada em um compacto 45 r.p.m., pelo grupo feminino americano The Chordettes. Lançado em outubro com sucesso absoluto, o disco terminaria o ano em 1º lugar nas paradas americanas e tornar-se-ia uma das marcas registradas da década de 50 americana.

12 de abril, “Rock Around The Clock”, o 1º rock and roll que faria sucesso em todo o mundo, um dos maiores ícones do gênero em todos os tempos, por muitos considerada como "o som que mudou o curso da música mundial, inaugurando a Era do Rock", é gravada por Bill Haley & His Comets neste dia apenas como o lado b de um compacto para a gravadora Decca.

Nesse momento, porém, a música passa quase que despercebida do público, figurando durante apenas uma semana em 23º lugar nas paradas americanas, e vendendo apenas 75.000 cópias. O "estouro" mundial só aconteceria no ano seguinte, 1955, quando incluída na trilha sonora do filme Blackboard Jungle ("Sementes da Violência", no Brasil), e logo depois estaria liderando as paradas de sucesso ao redor do mundo. Na década de 1990 a gravação seria reconhecida pelo livro Guinnes de Records como o 4º compacto mais vendido da história, com mais de 25 milhões de cópias comercializadas. Na realidade a verdadeira 1ª gravação de “Rock Around The Clock” ocorreu em 20 de março de 1954 e foi realizada pelo grupo Sonny Dae and His Knights, passando, porém, absolutamente desapercebida. A composição (embora haja muitas controvérsias) da música foi registrada em 31 de março de 1953 por James E. Myers (com o pseudônimo Jimmy De Knight) e Max Freedman. A música country de Hank Williams Sr, de 1947, “Move It On Over”, muito parecida com Rock Around The Clock, é considerada como influência direta em sua criação.

A partir de julho de 1954, Big Joe Turner e Bill Haley & His Comets, Iniciam um fenômeno que será conhecido como covering fever (febre dos covers) onde artistas brancos regravam sucessos de negros com muito mais êxito que os próprios. Por trás disso a influência de suas gravadoras junto às emissoras de rádio, numa ação claramente racista. Aliás, a carreira de Bill Haley é quase toda construída com covers de artistas negros. Este fenômeno é iniciado pelos dois com a gravação de “Shake Rattle & Roll”, com apenas cinco meses de diferença, gravada por Turner em 15-02-54 e por Haley em 07-07-54, disputando com ela durante meses as primeiras colocações da parada (tanto branca como negra).

01 de junho, Raul de Barros, trombonista carioca, grava um compacto com a versão de uma música que muitos consideram como o 1º Rock brasileiro: “Neurastênico”. Em 1957 a música seria regravada por Betinho e Seu Conjunto (Betinho – Alberto Borges de Barros – guitarrista paulista, é o verdadeiro compositor da música), com um sucesso ainda maior, tanto que é esta a versão conhecida até os dias de hoje. O verdadeiro ritmo é o de um fox-trot, mas entraria para a história como sendo um rock. A música terminaria o ano em 14º lugar das paradas.

07 de junho, “Smile”, canção composta por Charlie Chaplin, um dos maiores clássicos da música do século XX, com inúmeras regravações em todo o mundo até os dias de hoje, é gravada pela 1ª vez, em um compacto 45 r.p.m. de Nat King Cole.

05 de junho, pela 3ª vez, Elvis Presley volta à Sun Records. Em janeiro, quando viera fazer sua 2ª sessão de gravações, Elvis conseguira ser ouvido (e gravado) pelo proprietário, Sam Phillips, que acabara cedendo à insistência de sua secretária Marion Keisker, que desde as 1ª gravações do ano anterior interessara-se por aquele belo rapaz e já falara a Sam sobre ele.

Sam Phillips gosta do que ouve e vê e acaba anotando: “Elvis Presley – bom baladista, chamar na primeira oportunidade”. A 1ª oportunidade vem em junho, quando Sam compra em Nashville uma canção, que exige um estilo diferente de cantar. Ele lembra, então, do garoto das costeletas. As sessões iniciais de gravação contam com o guitarrista Scotty Moore, o baixista Bill Black e o baterista D.J. Fontana, músicos veteranos de estúdio, que Sam Phillips chama para acompanhar Elvis.

Para essa música especificamente Elvis não seria aprovado, porém, Sam decide apostar nele. Um mês se passa na Sun, com Elvis, Scotty, Bill e D.J tocando e Sam gravando. Tocam basicamente melodias country, música de rodeio, baladas, às vezes um hino, um blues. Noite de 5 de julho de 1954, O marco zero da carreira de Elvis Presley (e do Rock mundial): No intervalo entre vários takes de baladas country, Elvis larga a Coca Cola e começa a brincar, pulando pelo estúdio, dançando uma mistura de country com Be Bop e ginástica. Scotty, Bill e D.J. aderem, acelerando o compasso, enquanto Elvis bate no violão cantando “That's All Right, Mama” num ritmo bem diferente (e mais rápido) que a gravação original de Arthur Big Boy Crudup, de 1946.

Da sala de controle, Sam grita: "Que diabos é isso? Continuem, pelo amor de Deus, vamos gravar". That's all right, mama é considerada o "marco inicial" não só da carreira de Elvis, mas, do próprio rock mundial. O disco da gravação original é cotado hoje em torno de 90 mil dólares. No lado b do disco Elvis grava “Blue Moon Of Kentucky”, uma valsinha country originalmente composta e gravada em 1947 por Bill Monroe and his Blue Grass Boys.

A versão gravada por Elvis, porém, é tão acelerada, tão ritmada, que é impossível chamá-la de valsa ou country. Em breve isso teria um nome: Rockabilly, mistura de Rock and Roll, o ritmo básico dos negros, com o Hillibilly, a inflexão melódica e instrumental dos caipiras. Dois dias depois de Elvis gravar este disco, em 7 de julho, as duas canções são executadas pela 1ª vez em uma rádio de Memphis, pelo disc-jockey Dewey Phillips (irmão de Sam Phillips), e o resultado foi um absoluto sucesso, porém, apenas local. Blue Moon of Kentucky chega ao 1º lugar da parada country da revista Billboard na cidade de Memphis e That’s All Right, Mama, atinge o 4º lugar. 17 de julho Elvis realiza seu primeiro espetáculo em Memphis.

No dia 16 de outubro ele tem o 1º grande momento de sua carreira: realiza em Shreveport, Louisiana, um espetáculo chamado Louisiana Hayride, onde é recebido entusiasmadamente pela plateia. O show é transmitido por um programa da rádio local, KWKH, de enorme sucesso.

10 de julho, Lonnie Donegan, guitarrista escocês, radicado em Londres, que se tornaria conhecido como o pai do rock britânico, ainda membro da Cris Barber Jazz Band, grava “Rock Island Line”, música popularizada em 1937 pelo blueseiro americano Leadbelly. Em 1956, Donegan, já com seu novo Skiffle Group, regravaria Rock Island Line num ritmo totalmente diferente, originando aí uma “nova escola” do rock (na verdade, o "pré-rock" britânico) que será conhecida por Skiffle, da qual Donegan se tornará o rei.

É com esta regravação de Donegan de 1956 que o skiffle estoura nas paradas britânicas, tornando-se uma mania tão grande entre os jovens que geraria inúmeros grupos do gênero em todo o país. É skiffle que o grupo Quarrymen, que gerará os Beatles, toca, ao ser criado por John Lennon em 1956, em Liverpool.

18 de outubro, a tempo de alcançar as festas de Natal, é lançado o primeiro rádio transistorizado e portátil. Produzido em escala comercial, o Regency TR-1, criado por Richard C. Koch, vice-presidente da Regency Electronics Inc. de Indianápolis, Indiana, é apresentado aos consumidores americanos. São vendidas, logo no lançamento, em torno de 150.000 unidades a um preço de U$ 49,95 (equivalentes a U$ 361,00 do ano de 2005) cada, com opção de 11 cores. Começa aí uma revolução na eletrônica que levará ao computador portátil, aparelhos de MP-3, câmeras fotográficas digitais, etc...

18 de novembro, Ray Charles, grava um compacto com “I've Got A Woman”, considerada a 1ª música soul da história. De tão antológica e influente, é a 235ª música mais importante de todos os tempos, conforme indicação da revista Rolling Stone.

1955

Março, “Rock Around The Clock”, quando gravada por Bill Haley & His Comets no ano anterior (12/04/1954) passara quase despercebida, vendendo apenas 75.000 discos. Neste mês, incluída na trilha sonora do filme Blackboard Jungle, ("Sementes da Violência“ no Brasil), mesmo tocada apenas na abertura do filme, enquanto os créditos são apresentados, alucina as plateias jovens, que transformam as salas de projeção em verdadeiras pistas de dança, com quebra-quebra de cadeiras e enorme tumulto. É a partir desse episódio que Rock around the clock estoura no mundo inteiro, mudando o curso da música e da cultura jovem mundial.

19 de dezembro, Bill Haley & His Comets lança o LP Rock Around The Clock, o 1º álbum Rock da História a manter-se em número 1 das paradas da revista Billboard por 60 dias seguidos, e permanecendo depois entre os 100 primeiros lugares por 38 semanas seguidas. Esta marca demoraria 39 anos para ser quebrada. O disco é uma compilação de compactos rock de sucesso anteriormente lançados pelo grupo.

02 de março, Bo Diddley inicia as gravações de “I'm A Man”, um dos maiores clássicos da história do Blues, inspirado por outro grande clássico do gênero, Hoochie Coochie Man, de Muddy Waters. Didlley, um dos maiores mitos da história do Blues, é o inventor do "hambone rhythm" (ritmo caracterizado por batidas nas pernas, braços e peito, e por usar o mesmo acorde na música inteira), característica presente em I'm a man. Dois meses depois (em 24-05-1955) da gravação de Diddley, Muddy Waters gravaria “Manish Boy”, uma "resposta" à I'm a man que se tornaria outro ícone na história do Blues. I'm a man teria inúmeras regravações e versões até os dias de hoje. George Thorogood é quem gravaria a mais famosa versão, com o nome de Bad to the Bone.

21 de maio, Chuck Berry, o Pai do Rock and Roll, um dos músicos mais influentes da História do Rock Mundial, grava seu 1º disco, enquanto toca em um nightclub em Chicago em março de 1955, Chuck conhece o bluesman Muddy Waters, seu maior ídolo. Conquistando sua amizade, pede que Muddy o apresente à Leonard Chess, diretor de sua gravadora a Chess Records.

No dia 21-05-1955, com a apresentação de Waters, Chuck consegue uma audição com Chess. A música que mais chama a atenção do diretor é um “Hillbilly” chamado "Ida Red" e é o que Chess decide gravar em seguida, porém, alterando o nome da música para “Maybellene”, o nome de uma linha de cosméticos na moda. A música torna-se um dos maiores clássicos da história do rock.

Para ajudar no crescimento do sucesso da música, Leonard Chess leva uma cópia a Alan Freed, o mais influente radialista do país na época. Freed toca a música por duas horas seguidas em seu programa de rádio em New York. As vendas do disco vão a 1 milhão de cópias, tornando-se o número 1 da parada nacional de RB da Billboard, e o número 4 da parada branca. Em maio de 1955, no estado de Connecticut, uma série de shows de rock’n’roll liderados por Fats Domino é cancelada.

A polícia alega temor de tumultos e quebra-quebra, baseada no que vinha ocorrendo durante a exibição de "Blackboard Jungle", que iniciava com a música "Rock around the clock", de Bill Haley & His Comets. Pouco depois todos os shows de rock são proibidos no estado. Logo Boston segue o exemplo e lança um pacote sem precedentes de leis de censura, proibindo aquela “música suja” de tocar nas emissoras de rádio.

03 de julho, The Platters, uma das maiores lendas da música negra americana, recém-contratados pela Gravadora Mercury, lança seu single de estréia, “Only You”, que vai direto para o 1º lugar da parada R&B e alcança o 5º lugar da parada Pop (predominantemente branca) da revista Billboard.

05 de agosto, Carmen Miranda morre aos 46 anos, de infarto, em sua casa em Beverly Hills, Hollywood; causando comoção mundial. Carmen é considerada a personalidade latino-americana mais importante do século XX.

14 de setembro, Little Richard grava “Tutti-Frutti”, um dos maiores clássicos da História do Rock mundial. A música entraria nas paradas em novembro, chegando ao 2º lugar no começo de 1956. De tão antológica e influente, é a 43ª música mais importante de todos os tempos, conforme indicação da revista Rolling Stone.

24 de outubro, acontece a 1ª gravação de um Rock na história do Brasil. Nora Ney grava uma versão de Rock around the clock de Bill Haley, lançada por ele nos Estados Unidos em abril de 1954.

A versão de Nora, uma cantora carioca de samba-canção e dor de cotovelo, na época já com 33 anos, apesar de gravada em inglês, sai com o título de Ronda das Horas. Um "olheiro" da Rádio Nacional está nos EUA justamente na ocasião do lançamento do filme. Ficando impressionado com o novo ritmo da música de abertura, compra uma cópia do 78 rpm com esta música e atrás para o Brasil.

A direção da Rádio Nacional no Rio de Janeiro ao ouvir a gravação, se entusiasma. Nora Ney é escolhida para gravar, devido tão somente ao fato de possuir ótima dicção e pronúncia do inglês, e não por seu estilo (músicas de “fossa “e “dor de cotovelo”). Aprovada a gravação pela gravadora Continental, a orquestra teve que "tirar" a música de ouvido, pois era um ritmo totalmente "alienígena" jamais visto antes no Brasil.

Quando finalmente aparecem por aqui as primeiras cópias do disco original de Bill, Nora já havia “estourado” com a música. Portanto, quem lançou o Rock no Brasil foi Nora Ney, antes de qualquer astro americano. Este foi o único rock gravado por Nora que, ironicamente, em 1961 gravaria "Cansei de Rock".

25 de outubro, Tennessee Ernie Ford, apresentador de TV e cantor country americano, grava “Sixteen Tons”, um dos maiores clássicos da década de 50. Em 1971 no Brasil, Noriel Vilela faria uma versão em samba-rock com o título de 16 Toneladas, tornando-se também um dos grandes clássicos desse gênero.

20 de novembro, Elvis Presley assina contrato com a gravadora RCA Victor pela impressionante (para a época) quantia de U$ 40.000 com mais U$ 5.000 de bônus para si próprio. O contrato inclui a compra de seu material lançado anteriormente (cinco “singles”) pela Sun Records. É a RCA Victor que lança Elvis como o maior fenômeno do rock em todo o mundo.

19 de dezembro, Carl Perkins, antigo companheiro de Elvis na Sun Records, grava “Blue Suede Shoes”, um dos maiores clássicos do rock ‘em todos os tempos, alcançando o 2º lugar da Billboard. Logo em seguida, em 30 de janeiro de 1956, a música seria regravada por Elvis Presley, em um de seus primeiros discos na RCA Victor, com um sucesso estrondoso, em nível mundial, assim permanecendo até hoje.

1956

10 de janeiro, Elvis Presley, grava um compacto com “Heartbreak Hotel”, seu 1º disco pela RCA Victor. A música é um dos maiores clássicos da história do rock mundial, indo direto para o 1º lugar das paradas americanas e lançando Elvis para o mundo. Em abril as vendas já haviam chegado a 1 milhão de cópias e em breve se tornaria extremamente influente para a juventude de todo o mundo.

A gravação é tão antológica, e seu impacto na musical mundial tão grande, que viria a ser indicada pela revista Rolling Stone como a 45ª música mais importante de todos os tempos. É nesse mesmo dia, prosseguindo até 31-01, que Elvis inicia as gravações de seu primeiro álbum (LP), o disco, que traz apenas seu nome na capa, aproveita também gravações que Elvis havia feito pela Sun Records, sua gravadora anterior, entre 05 de Julho de 1954 e 11 de Julho de 1955.

O álbum seria o primeiro disco de rock and da história a alcançar o 1º lugar das paradas de sucesso, onde permaneceria por 10 semanas seguidas, e o primeiro do gênero a ultrapassar 1 milhão de cópias. O álbum é tão antológico e influente para a história do rock mundial que viria a ser indicado pela revista Rolling Stone como 56º Álbum Mais Importante de Todos os Tempos.

28 de janeiro, Elvis faz sua 1ª apresentação na TV em rede nacional, no "The Dorsey Brothers Stage Show". Começa aí a Presleymania mundial. Gravações de “The Great Pretender, That I'll Be The Day e Day-O (Banana Boat)”.

O ano de 1956 inicia com The Platters no topo das paradas R&B (negra) e POP dos EUA. Seu mais novo lançamento, “The Great Pretender”, gravada em 29-10-1955, segue a mesma trajetória de Only You, seu 1º grande hit, lançado no ano anterior.

26 de janeiro, Buddy Holly grava seu 1º disco, no Owen Bradley's Studio de Nashville, um compacto demo com “That I’ll Be The Day”, um dos maiores clássicos da história do rock. Por razões comerciais a gravadora Brunswick Records só lançaria o disco em 10 de junho do ano seguinte, 1957. Esta, em 14/07/1958, viria a ser a 1ª música a ser gravada pelo The Quarrymen, grupo que geraria os Beatles.

27 de janeiro, Harry Belafonte lança um compacto (gravado em 09-11-1955) com Day-O (Banana Boat), um dos maiores clássicos da história da música negra americana, atingindo 1 milhão de cópias vendidas, isso num país extremamente racista na época.

01 de fevereiro, Bill Haley & His Comets lançam um compacto com “See You Later, Alligator”, um dos maiores clássicos, seus e da história do rock dos anos 50, que o grupo havia gravado em 12 de Dezembro de 1955.

02 de fevereiro, Little Richard grava um compacto com “Long Tall Sally”, outro de seus grandes clássicos que se tornaria um ícone na História do Rock mundial. A música entraria nas paradas em novembro, chegando ao 6º lugar, e se tornaria tão antológica que viria a ser indicada pela revista Rolling Stone como a 55ª. Música Mais Importante de Todos Os Tempos.

05 de fevereiro, Fats Domino grava um compacto com “Blueberry Hill”, um dos maiores clássicos da música negra americana. É a 82ª. Música Mais Importante de Todos Os Tempos, conforme indicação da revista Rolling Stone.

16 de abril, Chuck Berry grava “Roll Over Beethoven”, um dos maiores clássicos seus e da história do rock mundial, além de uma das músicas mais regravadas na história do Rock and Roll. A música é tão antológica, e influente, um dos maiores ícones do rock dos anos 50, que viria a ser indicada pela revista Rolling Stone como a 97ª Música Mais Importante de Todos Os Tempos.

04 de maio, Gene Vincent grava “Be-Bop-A-Lula”, um dos maiores clássicos da história do rock mundial. No ano seguinte já havia vendido 2 milhões de cópias.

05 de junho, Elvis Presley causa uma enorme sensação entre os jovens e severas críticas entre os mais velhos, no país inteiro, com sua explosiva performance de “Hound Dog” no The Milton Berle Show. A apresentação marcaria o pré-lançamento deste que se tornaria um dos maiores clássicos da história do rock and roll. No mesmo dia da gravação de Hound Dog, o 02 de julho seguinte, Elvis gravaria “Don’t Be Cruel, outro enorme clássico de sua carreira e da história do rock.

07 de julho, Eddie Cochran, grava um compacto com “Twenty Flight Rock”, um dos maiores clássicos da história do rock dos anos 50, que influenciaria o início de carreira de alguns dos maiores rockers de todo o mundo.

06 de julho, dia em que John Lennon e Paul McCartney se conheceram, foi esta a música que Paul tocou para John, e que renderia o convite para que ele se juntasse ao The Quarrymen, grupo de Lennon na época.

30 de julho, Little Richard grava um compacto com “Good Golly, Miss Molly”, um dos maiores clássicos seus e da história do rock dos anos 50, é a 94ª Música Mais Importante de Todos Os Tempos, de tão antológica e influente, conforme indicação da revista Rolling Stone.

A partir de julho de 1956, Elvis Presley alcança o número 1 das paradas de singles de TODOS OS TEMPOS, com o duplo sucesso “Hound Dog / Don't be Cruel”, (lados A e B do mesmo “single”), quando estes permanecem em, respectivamente, 1º e 2º lugar das paradas por 11 SEMANAS SEGUIDAS. Logo depois coloca 05 singles em 1º lugar por 07 meses seguidos, um deles, um de seus maiores clássicos, “Love Me Tender”, gravada em 24 de Agosto de 1956.

07 de agosto, Elvis inicia as filmagens de seu 1ª filme, Love me Tender. 09/09 e 28/10 – As duas primeiras apresentações no The Ed Sullivan Show (na época, o programa de TV de maior audiência no país). 

04 de dezembro, reúnem-se na Sun Records, em Memphis, os monstros sagrados do rock da época: Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins e Johnny Cash. Eles realizam uma série de gravações improvisadas. The Million Dollar Quartet é o nome dado à essas gravações, que se tornam antológicas.

1957

05 de janeiro, Little Richard grava um compacto com “Lucille”, um dos maiores clássicos, seus e da história do rock mundial.

06 de janeiro, Elvis Presley faz sua 3ª apresentação no The Ed Sullivan Show, onde só é filmado da cintura para cima, por ordem da direção da emissora, para evitar que as pessoas em casa vejam seu rebolado, que tanto escândalo causou em apresentações anteriores.

12 de janeiro, grava um compacto com um de seus maiores clássicos, “All Shook Up” e, ainda em janeiro, Elvis inicia as gravações de seu 2º filme, Loving You.

15 de janeiro, The Diamonds grava um compacto com “Little Darlin'”, um dos maiores clássicos da música negra americana dos anos 50.

16 de janeiro, Cavern Club, casa noturna onde os Beatles (ainda como The Quarrymen) tocarão pela 1ª vez numa quarta-feira, 07 de agosto desse mesmo ano, abre suas portas em Liverpool (Inglaterra), como uma filial do clube francês “Le Caveau Francais Jazz Club”. Especialidade da casa, como o próprio nome anuncia: Jazz.

21 de janeiro, Chuck Berry grava um compacto com School Day, um dos maiores clássicos, seus e da história do rock dos anos 50, com inúmeras regravações em todo o mundo até os dias de hoje.

02 de fevereiro, Jerry Lee Lewis grava seu 1º disco, um compacto com ”Whole Lotta Shakin' Goin' On”, um dos maiores clássicos dele e da história do rock and roll dos anos 50, tão antológica que seria indicada pela revista Rolling Stone como a 61ª Música Mais Importante de Todos Os Tempos.

10 de fevereiro, The Everly Brothers, um dois mais importantes grupos dos anos 50, grava seu 1º disco, um compacto com “Bye Bye Love”, um dos maiores clássicos da música americana na 2ª metade dos anos 50, que rapidamente atingiria o 1º lugar das paradas (até mesmo na frente de Elvis Presley, que ficou em 2º lugar), com mais de 1 milhão de cópias vendidas em poucas semanas. A revista Rolling Stone a indica como a 210ª Música Mais Importante de Todos Os Tempos, tão grande sua relevância para o cenário musical americano e mundial.

10 de fevereiro, Ringo Starr, forma o seu 1º grupo, The Eddie Clayton Skiffle Group, com seu amigo de infância Eddie Miles. Faziam dois meses e meio que Ringo, então com 16 anos, ganhara sua 1ª bateria, presente de Natal de seu padrasto. O tipo de som do grupo era a grande moda da época: o "skiffle", o mesmo adotado por John Lennon ao formar o The Quarrymen, seu 1º grupo, apenas 22 dias depois (04 de março).

18 de fevereiro, Bill Haley & His Comets, no auge do sucesso, inicia (pela Inglaterra) sua 1ª turnê pela Europa. É a 1ª. vez que um super astro do rock’n’ roll faz shows pelo continente europeu. O grupo atrai multidões e causa enorme tumulto por onde passa.

04 de março, John Lennon, que faria 17 anos em outubro (dia 09), obcecado com o skiffle, ritmo popularizado por Lonnie Donegan, verdadeira mania entre os jovens da Inglaterra na época, e com Heartbreak Hotel, de Elvis Presley, ganha um violão de sua tia Mimi.

Depois de passar dias inteiros até conseguir aprender a tocar algumas músicas, junta alguns vizinhos e colegas de escola (Quarry Bank High School) e forma seu 1º grupo. A formação era John Lennon, Peter Shotton, Ivan Vaughan e Nigel Whaley.

O nome inicialmente escolhido foi The Black Jacks Skiffle Group, mas, apenas uma semana depois, mudariam para The Quarrymen Skiffle Group (O Grupo de Skiffle dos Homens de Quarry), seguindo a moda da época, em que quase todos os novos grupos inseriam o ritmo skiffle em seu nome.

19 de março, Elvis Presley paga U$ 102.500 pela mansão Graceland, onde viverá até sua morte. Ele acabaria tendo várias casas, mas, quando falava de “voltar pra casa”, era à Graceland que se referia.

30 de abril, Elvis grava um dos maiores clássicos, seus e da história do rock mundial, “Jailhouse Rock”. A música é tão antológica, fundamental e influente para inúmeros futuros astros do rock, que viria a ser indicada pela revista Rolling Stone como a 67ª. Música Mais Importante de Todos Os Tempos.

05 de maio, Elvis começa a gravar seu 3º filme, Jailhouse Rock, considerado o melhor filme de rock da época. Nele aparece o que será o precursor dos futuros “videoclipes”, na cena elaborada como em uma prisão (coreografada pelo próprio Elvis), onde todos cantam e dançam a música-título.

01 de maio, Chuck Berry, depois do sucesso dos singles "Maybellene" em 1955 e "Roll over Beethoven", de 1956, grava seu 1º LP, One Dozen Berrys, que contém mais dois de seus maiores clássicos: School Day e Rock and Roll Music. Chuck Berry nesta altura já é uma celebridade nacional e seus shows (solo ou acompanhado por outros astros), são “acontecimentos” que lotam salas por todo o país.

02 de maio, Paul Anka grava um compacto com “Diana”, um dos maiores clássicos, seus e da história da música jovem dos anos 50. Anka escreveu Diana quando tinha 15 anos. É sobre o amor não correspondido pela babá de sua irmã, cinco anos mais velha que ele. Anka foi o primeiro adolescente a ter um milhão de cópias vendidas no Reino Unido. Na época, era o disco mais vendido na história do Reino Unido.

22 de maio, The Quarrymen Skiffle Group, embrião do que viria a ser os Beatles, faz sua 1ª apresentação pública, na carroceria de um caminhão estacionado na rua Roseberry, em Liverpool, na celebração do “Empire Day” (Dia do Império). O grupo não recebe nada pelo show. A história registra o primeiro encontro de John Lennon e Paul McCartney em 06 de Julho de 1957, ou seja, apenas 44 dias depois deste show.

01 de Junho, Carlos Imperial, compositor, produtor, ator e empresário, originário da mesma cidade de Roberto Carlos, na época com 22 anos, estréia O Clube do Rock, o 1º programa de rock da TV brasileira, na TV Tupi do Rio de Janeiro.

Ali seriam lançados nomes como o grupo The Sputniks, com Roberto Carlos (apresentado como o Elvis Presley brasileiro) e Tim Maia (que seria o Little Richard brasileiro) como cantores. Erasmo Carlos era assistente de palco, e um “faz-tudo no programa.

O Clube do Rock contava também com Wilson Simonal. Paulo Silvino, que se tornaria um famoso comediante, na época era dançarino e às vezes até cantor no programa.

06 de julho, John Lennon e Paul McCartney encontram-se pela 1ª vez. Nesta tarde de sábado, em Liverpool, Paul, com 15 anos, convencido pelo amigo Ivan Vaughan, vai “paquerar umas menininhas” em uma quermesse da Paróquia de São Pedro (igreja anglicana do bairro de Woolton).

A programação musical inclui um grupo local: The Quarrymen Skiffle Group, liderado por John, um vocalista loiro de quase 17 anos, magro e que berra como ninguém. Paul fica bastante impressionado com a performance (e a cara de pau) de John, que por não saber as letras das canções que canta, adapta versos próprios para tapar os buracos. Ao final do show, Ivan, que também é amigo de John, apresenta-os.

Paul acha John arrogante, e este acha que Paul está bêbado (e ele está mesmo). Ainda assim, durante essa conversa Paul pega um violão e toca um rockabilly de Eddie Cochran, Twenty Flight Rock, deixando John bastante entusiasmado, afinal, além de tocar bem, Paul sabe a letra inteira da música. Nessa época o Rock’n ’Roll ainda engatinha e encontrar alguém que demonstre os mesmos interesses é fundamental para seguir em frente. Duas semanas depois Paul McCartney é convidado a ser um dos Quarrymen. 

07 de agosto, John Lennon e The Quarrymen Skiffle Group, ainda sem Paul McCartney, tocam pela 1ª vez no The Cavern Club. A apresentação é em um evento chamado Skiffle Session, uma concessão especial para o skiffle, ritmo que fazia muito sucesso nesta época, fugindo da linha tradicional do clube, que é especializado em jazz. Paul McCartney à esta altura já fora convidado a fazer parte do grupo, porém, estava em uma colônia de férias e não pôde comparecer.

25 de agosto, The Everly Brothers gravam um compacto com “Wake Up Little Susie”, um dos maiores clássicos dos anos 50, é Tempos, conforme indicação da revista Rolling Stone.

05 de setembro, Jack Kerouac, escritor e poeta americano, um dos ícones da chamada Geração Beat, grupo de artistas que com sua literatura e maneira intensa de viver, influenciaria diretamente o nascimento do movimento hippie na década seguinte, lança o livro On the Road, livro que escrevera durante uma viagem cruzando os Estados Unidos de uma ponta à outra, de carona, usando um rolo de papel (de 36 metros) para narrar os acontecimentos da viagem.

On the Road (“Pé na Estrada”, em português) é considerado um dos livros mais Importantes da literatura americana de todos os tempos.

01 de setembro, Jimi Hendrix, com 15 anos, assiste em sua cidade natal, Seattle, (EUA) a um show de Elvis Presley. A partir desse dia Jimi saberá o que quer em sua vida: ser tão grande como Elvis.

08 de outubro, Jerry Lee Lewis grava um compacto com “Great Balls of Fire”, um dos maiores clássicos, seus e da história do rock dos anos 50. O disco venderia mais de 5 milhões de cópias em pouco tempo, tão antológico e influente que seria indicado pela revista Rolling Stone como a 96ª Música Mais Importante de Todos Os Tempos.

12 de outubro, Little Richard, no vôo de volta de uma turnê pela Austrália passa por problemas em seu avião, entrando em pânico. Ele implora a Deus e promete que se sobrevivesse largaria a vida artística e voltaria suas energias para espalhar a palavra de Deus.

Ele diria depois que o chamado já estava lhe incomodando fazia alguns dias, desde que viu a passagem do recém-lançado satélite russo Sputnik pelo céu da Austrália. Isso, aliado ao incidente no avião, lhe pareceria um ultimato de Deus.

Tanto era verdade sua intenção anterior de deixar tudo para dedicar-se a Deus, que logo após o último show da turnê, antes da viagem de volta, ao anunciar que estava pensando em abandonar tudo e converter-se, foi desafiado por seu saxofonista a provar a sinceridade de suas intenções.

Diante disso Richard tiraria 4 anéis de brilhantes, no valor de 8 mil dólares, que levava nos dedos, atirando-os ao rio, como prova de que estava abrindo mão dos bens terrenos para aproximar-se de Deus. Na viagem de volta converte-se à Igreja Adventista do 7ª Dia, na qual tornar-se -ia pastor.

14 de outubro, Tim Maia, aos 15 anos, chamado na época por sua turma de “Tião Marmiteiro”, pois entregava marmitas da pensão de seu pai, junta seus amigos de infância Arlênio Livio e Wellington Oliveira, e monta um grupo que, em homenagem ao recém lançado 1º satélite russo, é chamado The Sputniks. Uma noite um tal de Roberto Carlos Braga aparece no Bar Divino, que todos eles frequentavam, e é apresentado a Tião como candidato à última vaga nos Sputniks. Quem os apresenta é Arlênio Livio, colega de Tião na escola e no The Sputniks.

É um moreninho magrelo de Cachoeiro de Itapemirim (ES), de cabelos crespos e olhos tristes, que puxa um pouco de uma perna, mas adora rock e canta muito bem, segundo Arlênio. Após alguns testes, Roberto é aceito e torna-se um dos cantores do grupo (na realidade os quatro cantavam).

18 de outubro, Paul McCartney, com 15 anos, estréia no The Quarrymen Skiffle Group em um show no mais tradicional clubes de Liverpool: o New Clubmoor Hall (Conservative Club). Ele mostra a John algumas composições suas, dentre as quais a 1ª “I Lost My Little Girl”, composta no ano anterior, quando tinha 14 anos. Os shows do The Quarrymen Skiffle Group sucedem-se em número cada vez maior, expandindo-se, inclusive, para cidades vizinhas. Seu empresário na época é Nigel Walley, amigo de infância de John Lennon.

10 de novembro, Simon & Garfunkel, (ambos com 16 anos) usando o nome Tom & Jerry , através da gravadora Big Records, lançam “Hey Schoolgirl”, seu 1º single, que vende 100.000 cópias e entra direto para o 9º lugar da lista da Billboard.

12 de dezembro, Jerry Lee Lewis, com vinte e dois anos, já casado duas vezes (cometera bigamia no 1º) parte para um 3º casamento, agora com sua prima Myra Gale Brown. O problema é que a moça, além de ser uma parente tão próxima, tem apenas 13 anos e isso choca enormemente os padrões morais da época.

Mas, durante vários meses eles ainda conseguem manter o casamento oculto da imprensa e do público. Porém, depois de descoberto, o escândalo rendeu o cancelamento da turnê que fazia pela Europa e praticamente destruiu sua carreira que nunca mais teria o sucesso anterior.

1958

06 de janeiro, Chuck Berry grava um dos maiores clássicos da história do rock’ n’ roll, com inúmeras regravações até os dias de hoje: “Johnny B. Goode”. A 7ª Música Mais Importante de Todos Os Tempos é como a revista Rolling Stone a indica, de tão antológica e influente. Sua importância é demonstrada ainda mais pela inclusão entre as músicas que foram mandadas pela NASA ao espaço em 1977, representando a música terráquea para quem encontrar a espaçonave Voyager.

20 de janeiro, The Chordettes grava um compacto com “Lollipop”, um dos maiores clássicos, seus e da história da música americana dos anos 50.

29 de janeiro, Chuck Berry lança mais um de seus grandes sucessos, outro clássico da história do rock’ n’ roll dos anos 50, gravado originalmente em 29-12-1957 “Sweet Little Ssixteen”. A revista Rolling Stone a indica como a 277ª Música Mais Importante de Todos Os Tempos.

08 de fevereiro, George Harrison, futuro guitarrista-solo dos Beatles, que completaria 15 anos de idade 13 dias depois, é apresentado a John Lennon por Paul McCartney, seu colega de escola. Ele toca “Raunchy”, (música instrumental de 1957 do americano Bill Justis) e John fica impressionado com sua habilidade, mas, considera-o novo demais para fazer parte do The Quarrymen Skiffle Group. George quer mesmo entrar para o grupo; assim, "cola-se” a eles e, aos poucos, vai substituindo o “banjoísta” Rod Davis e acaba sendo aceito como membro do grupo.

14 de fevereiro, O governo iraniano proíbe o rock and roll em todo o país, com a alegação de que atenta contra os conceitos do Islã, além de fazer mal à saúde mental. Médicos iranianos alertam a todos contra os riscos provocados pelo rodopiar vertiginoso típico da dança rock.

08 de março, Mick Jagger e seu amigo Dick Taylor, colegas de escola, ambos com 15 anos, gazeiam aula e vão a Nottingham, assistir a um show de Buddy Holly & The Crickets em sua 2ª excursão britânica. Ambos dirão, anos depois, que este show os deixou tão alucinados que, a partir daí seu único desejo seria tornar-se astros de rock and roll, como Buddy Holy, que se tornara seu maior ídolo.

24 de março, Elvis Presley, com 23 anos é recrutado pelo exército americano e enviado para prestar serviço em Friedberg, na Alemanha. Lá Elvis permaneceria até sua baixa em 1960. Depois disso ele nunca conseguiria retomar o sucesso que havia feito até então. Em 14 de agosto de 1958, Gladys Love Smith Presley, mãe de Elvis, enquanto ele já está servindo ao exército, morre de ataque cardíaco provocado por uma hepatite. Ela tem 44 anos, Elvis, 23.

27 de março, CBS, (Columbia Broadcasting System) a 1ª gravadora americana, anuncia a sua mais nova criação: o disco estereofônico.

10 de abril, Bobby Darin grava um compacto com “Splish Splash”, um dos maiores clássicos seus e da história do rock dos anos 50. No Brasil Splish Splash teria uma versão feita por Erasmo Carlos, e se tornaria a 1ª gravação de um rock e o 1º sucesso nacional de Roberto Carlos, a música que o projetaria nacionalmente, gravada em 05-11-1962 e também título de seu 2º Álbum (LP), lançado em 1963.

18 de junho, Connie Francis grava um compacto com “Stupid Cupid”, um dos maiores clássicos seus e da história do rock em todos os tempos. A música teria inúmeras regravações, dentre as quais a de seu próprio autor, Neil Sedaka, em 1959, e a de Celly Campelo, em seu 1º disco solo (sua 1ª gravação foi um disco em conjunto com seu irmão Tony Campello em junho de 1958) gravado em março de 1959.

12 de julho, The Quarrymen, o grupo "pré-Beatles", com a formação John Lennon, Paul McCartney e George Harrison, dividindo as guitarras solo e base e o contrabaixo, John Lowe no piano e Collin Hanton na bateria, entram pela 1ª vez na vida em um estúdio: (Percy Phillips Recording Service-Kensington), pagam o equivalente a dois dólares, e gravam um disco “demo” com duas músicas.

Este é o 1º DISCO DOS BEATLES (ainda como Quarrymen) DA HISTÓRIA. Preço atual deste original: 100.000 libras (mais ou menos R$ 300.000,00). O original deste disco atualmente pertence a Paul McCartney, que mandou prensar mais 50 cópias para sua família e amigos.

Cada cópia vale mais ou menos 50.000 libras (em torno de R$ 150.000,00). É considerado por todas as casas de leilão como O DISCO MAIS CARO DO MUNDO. As músicas são: “That” (de Buddy Holy), no lado A, e “In Spite Of All The Danger”, a primeira parceria de Paul e George, no lado B. John é o cantor nas duas músicas.

15 de julho, Julia Stanley, mãe de John Lennon, apenas 3 dias após a 1ª gravação do filho, morre aos 44 anos, atropelada por um policial bêbado, em frente à casa de sua irmã Mimi, que criava para ela o seu filho John.

24 de julho, Cliff Richard, o cantor e compositor de maior sucesso na Inglaterra entre fins da década de 50 e início da de 60, lança seu 1º single, “Move It”, pela Columbia Records, que vai direto para o 2º lugar das paradas de sucesso britânicas.

25 de julho, Bobby Freeman lança o compacto “Do You Wanna Dance” pela Dootone Records, o maior sucesso de sua carreira, uma das mais regravadas músicas da história (uma das mais versões mais conhecidas seria a de Johnny Rivers em 1966), que inauguraria uma verdadeira “febre dos bailes rock”.

16 de agosto, Madonna, (Louise Veronica Ciccone) nasce no Mercy Hospital em Bay City, estado de Michigan (EUA), mais velha de 8 filhos do engenheiro da Chrysler Automóveis, Sylvio Ciccone e da dona de casa Madonna Fortin. Seus pais na época viviam em Pontiac, subúrbio de Detroit (também Michigan), mas estavam visitando sua avó quando Madonna decidiu nascer.

29 de agosto, Michael (Joseph) Jackson, nasce em Gary, estado de Indiana (EUA), sétimo de nove filhos do operário Joseph Jackson e da dona de casa Katherine Esther Scruse.

24 de setembro, The Platters grava um compacto com “Smoke Gets In Your Eyes”, um dos maiores clássicos seus e da história da música americana dos anos 50.

10 de outubro, Ritchie Valens grava um compacto com “La Bamba e Donna”, dois dos maiores clássicos seus e da história da música americana dos anos 50. Esta versão de La Bamba, uma canção folclórica mexicana, acabaria tão antológica e influente que seria indicada pela revista Rolling Stone como a 354ª Música Mais Importante de Todos Os Tempos.

1959

07 de janeiro, Phil Phillips grava um compacto com “Sea Of Love”, um dos maiores clássicos da música americana dos anos 50, 1º lugar nas paradas de sucesso da revista Billboard em 1959 e com inúmeras regravações até os dias de hoje.

12 de janeiro, Berry Gordy Jr. funda, em Detroit, Michigan, a gravadora Tamla Motown Records, o maior “berço” de artistas da música negra de toda a história americana, tais como Stevie Wonder, Michael Jackson & The Jackson Five, Diana Ross & The Supremes, Billy Preston, Billy Eckstine, The Four Tops, Marvin Gaye, The Isley Brothers, Gladys Knight & The Pips, The Temptations, Lionel Richie & The Commodores, Bobby Darin, Thelma Houston, Queen Latifah, etc...

03 de fevereiro, O DIA EM QUE A MÚSICA MORREU (The Day the Music Die): Buddy Holy, Big Bopper e Ritchie Valens morrem em um acidente aéreo: os três participam de uma série de shows na cidade de Fargo, na Carolina do Norte, no dia anterior ao acidente.

Eles decidem alugar um avião para onde fariam o próximo show. Big Bopper ganha a passagem do baixista de Waylon Jennings enquanto Ritchie Valens ganha a sua em um cara-e-coroa com um guitarrista.

Com o mau tempo o avião cai e explode em um milharal, a 1hr 05m da manhã, minutos após a decolagem. B. Holly tinha 23 anos, Ritchie Valens, 17 e Bopper 20. Don Mclean em 1971 lançaria a música American Pie, em homenagem aos artistas mortos na tragédia, fazendo com que o dia 3 de fevereiro ficasse conhecido como “O dia em que a música morreu”.

18 de fevereiro, Ray Charles grava um compacto com “What'd I Say”, um dos maiores clássicos da música negra mundial, cuja impacto e influência seria tão grande que é considerada como a precursora do soul, do funk e de vários outros principais gêneros dançantes da música negra. A 10ª Música Mais Importante de Todos Os Tempos, segundo a revista Rolling Stone, tal sua relevância para a música americana e mundial.

20 de fevereiro, Jimi Hendrix, aos 17 anos, forma seu 1º grupo, The Rocking Kings. pouco após ganhar de seu pai sua primeira guitarra (de segunda mão), Anteriormente, em 1958, ele já havia tocado com "The Velvetones", mas, por poucos meses.

10 de março, Jimmy Page, aos 15 anos, o futuro guitarrista do Led Zeppelin, um dos mais cultuados músicos da história do rock, estréia em seu 1º grupo, Neil Christian & The Crusaders, pelo grupo ainda passariam futuras estrelas como Keith Moon (The Who), Ritchie Blackmore (Deep Purple, Rainbow) e Nicky Hopkins (um dos mais importantes tecladistas da história do rock inglês).

25 de março, Ringo Starr, após deixar seu 1º grupo, The Eddie Clayton Skiffle Group, que já não conseguia sucesso, assume como baterista em seu 2º grupo, Rory Storm and The Hurricanes, onde permaneceria até sua estréia nos Beatles em 1962.

05 de abril, Lloyd Price grava um compacto com “Personality”, um dos maiores clássicos da história da música negra dos anos 50, que receberia inúmeras regravações até os dias de hoje.

10 de abril, Frankie Avalon grava um compacto com “Venus”, um dos maiores clássicos da história da música dos anos 50, com inúmeras regravações até os dias de hoje.

16 de julho, The Coasters grava um compacto com “Poison Ivy”, um dos maiores clássicos da história da música dos anos 50, com inúmeras regravações até os dias de hoje, inclusive no Brasil, onde teria versões, com o nome “Erva Venenosa”, dos grupos Golden Boys (em 1965), Herva Doce (em 1982) e, talvez a mais famosa, a de Rita Lee em 2000.

31 de julho, Neil Sedaka grava um compacto com “Oh! Carol”, o maior sucesso de sua carreira e um dos maiores clássicos da música americana dos anos 50, início dos 60. A letra foi feita em homenagem à sua namorada na época, a futura cantora e compositora de grande sucesso mundial, Carole King. Esta, por sua vez, em 04 de janeiro do ano seguinte (1960), gravaria um compacto com sua "resposta", chamada “Oh, Neil”, usando exatamente a mesma melodia, mudando apenas a letra.

29 de agosto, The Quarrymen (os "pré-Beatles"), toca na noite de inauguração do Casbah Coffee Club, pertencente a Mona Best e seu filho, Pete Best, amigo de George Harrison. Pete no ano seguinte, 1960, tornar-se-ia baterista dos Beatles.

Nessa noite, porém, o grupo apresenta-se sem baterista, com a formação George Harrison, Paul McCartney, Ken Brown e John Lennon. Somente em maio de 1960 um novo e provisório baterista, Tommy Moore, seria incorporado ao grupo que estava sem baterista desde janeiro, quando Collin Hanton saíra.

20 de novembro, Gilberto Gil, aos 18 anos incompletos, forma seu 1º grupo: Os Desafinados, no qual é acordeonista. O conjunto, no qual Gil tocará até 1961, é predominantemente instrumental e se apresenta em festas de aniversário, escolas e sedes de clubes de Salvador.

Ao mesmo tempo, sob o influxo de João Gilberto e da bossa nova, Gil começa a tocar e a estudar violão, usando o do irmão até ganhar o seu, presente de sua mãe em 1961, adotando-o a partir de então, como seu instrumento preferido.