segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

BOSSA NOVA


Foi o maior movimento musical brasileiro do século XX. Tanto que virou sinônimo de música brasileira no mundo todo a partir de 1960, com dezenas de canções regravadas, em português ou em inglês, por músicos de jazz e big bands. Elevou-se, assim, à décima potência o poder de penetração demonstrado por Carmen Miranda décadas antes, quando o samba se firmava como marca nacional.

Surgido em 1958, o movimento da bossa nova, num primeiro momento, se restringia à Zona Sul do Rio de Janeiro. Sua missão era satisfazer uma demanda específica dos jovens de classe média e alta que frequentavam Copacabana e Ipanema, arranhavam o violão (inclusive nas praias), e não se identificavam com o que tocava nas rádios e nos discos.

Naquela época, a música brasileira era produzida quase sempre com arranjos carregados, cheios de instrumentos, e os cantores esbanjavam um vozeirão empostado de locutor. O modernismo que influenciava todas as artes era avesso a esses exageros. Em especial nas letras, quase sempre sofridas, que versavam sobre dor-de-cotovelo e traições, e transformavam a noite carioca num cenário de fossa.


Contra essa corrente, três artistas se destacaram. Tom Jobim, com formação erudita, criava harmonias complexas disfarçadas de coisa simples, como a arquitetura de Oscar Niemeyer. Vinícius de Moraes, poeta reconhecido e diplomata, adicionou versos prosaicos à harmonia do parceiro, compondo canções leves e risonhas que falavam sobre “peixinhos a nadar no mar” e “beijinhos que darei na sua boca”.

Por fim, João Gilberto deu o golpe de mestre: gravou aquilo com uma voz suave, intimista, que em nada lembrava o vozeirão dos nossos astros, e resumiu todo o ritmo de uma bateria de escola de samba numa batida de violão. Tal cadência passou a definir o ritmo em oposição ao samba.

No mais, os bossa-novistas tinham entusiasmo o bastante para espalhar aquela batida pelos quatro cantos. Musa inspiradora do grupo, Nara Leão tinha pouco mais de 14 anos quando se matriculou na academia de violão de Carlos Lyra e Roberto Menescal. A partir de então, passou a abrir seu apartamento para reuniões às quais compareciam os principais nomes do movimento.


A bossa nova foi hegemônica como movimento apenas até 1962, quando dois de seus fundadores, Tom Jobim e João Gilberto, se mudaram para os Estados Unidos (antes de o golpe militar ser deflagrado). O patrimônio lançado nesses quatro anos, no entanto, serviu de pilar para a obra de muitos dos principais cantores e compositores que os sucederam e que foram os pioneiros dos movimentos seguintes.

Desde a bossa nova engajada, variação liderada pelos músicos Carlos Lyra, Nara Leão, Sérgio Ricardo, Edu Lobo, Ruy Guerra e Geraldo Vandré, entre 1961 e 1965, até a Tropicália (Caetano Veloso diz que João Gilberto é seu maior ídolo), de 1967, passando pelo protesto de Chico Buarque, Milton Nascimento e outros.


Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) Principal intérprete: João Gilberto.
Esta música é considerada o marco fundador da bossa nova, primeira canção a unir a santíssima trindade do movimento: harmonia de Tom, letra de Vinícius e a batida do violão de João (além de sua voz característica). Foi gravada por Elizeth Cardoso em 1957, ainda sem a voz de João, que já executava o violão, e estourou no ano seguinte, num compacto simples do cantor baiano.

“Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça) Principal intérprete: João Gilberto”. Uma das primeiras gravações de João, já em seu segundo compacto, ironizava na letra a dura lida dos cantores da noite. Foi a primeira a empregar a expressão “bossa nova”, funcionando como auto referência: “Isso é bossa nova/ isso é muito natural…”. Serviu de cartão de visitas para a internacionalização do movimento, ao ser gravada pelo saxofonista Stan Getz e o guitarrista Charlie Byrd, numa versão instrumental, num compacto que superou 1 milhão de cópias vendidas em 1962.

“Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) Principal intérprete: João Gilberto/ Astrud Gilberto/ Stan Getz”. Composta por Tom e Vinícius, foi inspirada numa jovem de 19 anos chamada Heloísa Pinheiro, que costumava ir à praia passando em frente ao Veloso, um bar onde a dupla batia ponto. Apresentada num show em agosto de 1962 — o primeiro a juntar a santíssima trindade num palco — ganhou sua gravação definitiva em dezembro, nos Estados Unidos, com João cantando em português e sua mulher Astrud Gilberto em inglês. Regravada em diversos países, tornou-se a segunda música mais executada no mundo, atrás apenas de “Yesterday “, dos Beatles.

“O Barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) Principal intérprete: Nara Leão” A canção traduziu como nenhuma outra o espírito da bossa nova: música jovem feita por gente jovem, num cenário calmo e festivo, de luz, mar e sol. Conta-se que seus autores, praticantes de pesca submarina em Cabo Frio (RJ), ficaram à deriva num barco com defeito, durante uma de suas pescarias, e compuseram a canção ali mesmo, dedilhando o violão enquanto esperavam para ser rebocados.

“Meditação (Tom Jobim e Newton Mendonça) Principal intérprete: João Gilberto” A canção foi lançada em 1960, no terceiro álbum de João Gilberto, que tinha como título justamente seu verso mais emblemático: O amor, o sorriso e a flor. A trinca virou uma espécie de síntese do movimento. Para o bem ou para o mal, convencionou-se dizer que a bossa nova era isto, uma moçada bronzeada e bem-nascida dedicada a cantar o amor, o sorriso e a flor. com o tempo, esse traço foi interpretado como alienação, uma falta de sensibilidade para os problemas do mundo.



Com a renúncia de Jânio Quadros e a posse de João Goulart, em 1961, o país passou a conviver com notícias periódicas de que o novo presidente implementaria um plano de governo cheio de medidas populares e evidente tendência à polarização. Reforma agrária, reforma educacional e nacionalização de empresas privadas que atuassem em setores estratégicos eram alguns de seus pilares.

Esses temas, bem como a presença de intensas ondas migratórias do Nordeste para o Sudeste, o inchaço das favelas, a situação do morador de morro, entre outros, passaram a inspirar os artistas mais sensíveis às causas sociais.

O polo criador em que essa posição ideológica era mais explícita era o Centro Popular de Cultura da UNE, criado em 1961 por gente da música, do teatro e do cinema: Carlos Lyra, Oduvaldo Vianna Filho, Leon Hirszman e Carlos Estevam, que logo atraíram para o grupo Edu Lobo, Nara Leão, Ruy Guerra, Sérgio Ricardo e Geraldo Vandré.


Letras de cunho social começaram a se disseminar, normalmente embaladas em harmonias que flertavam com a música folclórica e as manifestações populares. Já em 1960, Lyra havia escrito a trilha sonora de uma peça de Vianinha com o sugestivo título de A Mais Valia Vai Acabar, Seu Edgard, na qual incluiu sua “Canção do Subdesenvolvido”.

Foi por meio do CPC que Sérgio Ricardo e Ruy Guerra emplacaram os primeiros filmes, como Esse Mundo É Meu, e Edu Lobo fez as primeiras trilhas para teatro, em especial as canções compostas com Ruy Guerra (“Reza”, “Aleluia”) e Gianfrancesco Guarnieri (“Upa Neguinho”, “Eu Vivo Num Tempo de Guerra”), presentes em espetáculos dirigidos por Augusto Boal, como Arena Conta Zumbi, de 1965, que lançou a semente do Teatro do Oprimido.

O produto mais notável desse período, também dirigido por Augusto Boal, no Teatro de Arena do Rio, foi o Show Opinião. Nele, a musa da bossa nova, Nara Leão, subiu ao palco acompanhada pelo sambista carioca Zé Keti, autor da música “Opinião”, e pelo sanfoneiro nordestino João do Vale, autor de “Carcará”. O encontro foi tocante: a burguesia letrada, lado a lado com a autêntica cultura nacional, indicavam o caminho para a música cada vez mais engajada que seria feita a seguir, na segunda metade dos anos 1960 e no início dos anos 1970, períodos caracterizados pela hegemonia da Era dos Festivais e das canções de protesto.


No mesmo ano de 1965, a revelação de Elis Regina no 1º Festival da TV Excelsior, cantando “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, transformou a cantora gaúcha de vinte anos no maior fenômeno da música brasileira. Dois dias após sua consagração na final do festival, Elis subia no palco do Teatro Paramount para apresentar por três noites consecutivas o show Dois na Bossa, ao lado de um crooner de boate, que fazia relativo sucesso com a música “Deixe que Digam”: Jair Rodrigues. Confirmando o talento da cantora, uma das três noites foi registrada no álbum homônimo, que bateu a marca de 1 milhão de cópias vendidas.

Uma semana após o festival da Excelsior, o país só queria saber de Elis Regina. Os diretores da emissora, no entanto, se recusaram a contratá-la, afirmando que não teriam onde aproveitá-la. Coube à concorrente Record fazer o que precisava ser feito: criou para ela um programa, O Fino da Bossa, no qual repetiria a dupla com Jair Rodrigues.

Ali como no show, apresentavam um repertório fortemente inspirado na bossa nova tradicional e na bossa nova engajada, incluindo sambas de morro emprestados do Show Opinião, três canções de Edu Lobo, outras duas de Carlos Lyra, duas de Sérgio Ricardo. Elis, dona do maior salário da TV, alçava a bossa engajada a uma audiência inédita.


“Influência do Jazz (Carlos Lyra) Principal intérprete: Carlos Lyra”. Um dos pioneiros da bossa nova, com três canções gravadas no primeiro álbum de João Gilberto, Carlos Lyra foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da UNE. Foi também o principal articulador da guinada social impressa ao movimento no início da década, em consonância com as políticas populares propostas por João Goulart, que levariam ao golpe de 1964.

Nessa canção, rompeu simbolicamente com a bossa nova, ao apontar os efeitos dela no samba tradicional, agora americanizado e, por extensão, desvirtuado. “Pobre samba meu/ foi se misturando, se modernizando, se perdeu…”.

“Marcha da Quarta-Feira de Cinzas (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes) Principal intérprete: Toquinho e Vinícius Gravada por Carlos Lyra”. Um ano antes do golpe militar, a marcha-rancho se revelou profética: “Ninguém passa mais/ cantando feliz/ e nos corações/ saudades e cinzas/ foi o que restou/ (…) a tristeza que a gente vê/ qualquer dia vai se acabar/ todos vão sorrir/ voltou a esperança/ é o povo que dança/ contente da vida/ feliz a cantar. “Na década de 1970, voltou a ser gravada e executada nos shows de Toquinho e Vinícius, em sua versão mais famosa”.

“Maria Moita (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes) Principal intérprete: Thelma”. Com a mudança de Tom Jobim para os Estados Unidos, no final de 1962, Vinícius de Moraes engatou uma fértil parceria com Carlos Lyra. Ao longo de 1963, compuseram as canções da peça Pobre Menina Rica, de autoria do próprio Vinícius, lançadas em vinil no ano seguinte. “Maria Moita” é uma das músicas mais politizadas da peça, toda ela ambientada num acampamento de mendigos. “Nasci lá na Bahia/ de mucama com feitor/ o meu pai dormia em cama/ minha mãe no pisador/ (…) o homem acaba de chegar, tá com fome/ a mulher tem que olhar pelo homem/ e é deitada ou em pé/ mulher tem é que trabalhar.”

“Opinião (Zé Keti) Principal intérprete: Nara Leão”. O samba do carioca Zé Keti foi muito marcante para a tomada de consciência política que marcou a cultura popular brasileira em 1964. Tanto que acabou emprestando seu nome não apenas ao famoso espetáculo criado por Augusto Boal no Teatro de Arena do Rio de Janeiro, mas também ao segundo disco de Nara Leão, musa do show e da bossa nova politizada, e ainda a um jornal alternativo. A letra vestia como uma luva o clima sombrio que envolvia os porões da ditadura ao longo da década: “Podem me prender/ podem me bater/ podem até deixar-me sem comer/ que eu não mudo de opinião”.

“Fica Mal Com Deus (Geraldo Vandré) Principal intérprete: Geraldo Vandré”. A primeira música feita apenas por Geraldo Vandré, que até então era somente letrista, foi gravada num compacto de 1963 e incluída posteriormente em seu primeiro disco, no ano seguinte. Primeiro grande sucesso desse compositor paraibano radicado no Rio de Janeiro e ligado ao CPC da UNE, a canção tem uma mensagem tão clara quanto seus versos: “Fica mal com Deus/ quem não sabe dar/ fica mal comigo/ que não sabe amar.” Em 1966, foi gravada por Jair Rodrigues no lado B de Disparada.

“Esse Mundo é Meu (Sérgio Ricardo e Ruy Guerra) Principal intérprete: Elis Regina e Jair Rodrigues”. Tema do filme homônimo de 1964, dirigido por Sérgio Ricardo e montado por Ruy Guerra, seus compositores, a canção seria incluída no famoso pout-pourri do morro entoado por Elis Regina e Jair Rodrigues no show Dois na Bossa, em abril de 1965. O filme narra a tomada de consciência social por dois jovens. Pedro trabalha numa serralheria e não pode se casar enquanto não recebe aumento. Toninho é engraxate e junta dinheiro para comprar uma bicicleta. “Fui escravo no reino e sou/ escravo no mundo em que estou/ mas acorrentado ninguém pode amar”.


A inspiração ideológica da “nueva canción” vinha tanto das lutas nacionalistas contra o imperialismo, quanto das lutas socialistas pela emancipação das classes populares, historicamente reprimidas e excluídas da vida política na maioria dos países latino-americanos. Ambos eram fortemente temperados pela busca de uma unidade cultural latino-americana, sonhada desde o século XIX, mas que entre os anos 1950 e 1970 do século XX, voltava a motivar os movimentos revolucionários que fervilharam pelo continente.

O nacionalismo anti-imperialista que se generalizou nos anos 1950, a Revolução Boliviana de 1952, a Revolução Cubana de 1959 e a experiência socialista chilena no começo dos anos 1970 foram os principais movimentos que inspiraram as novas canções. Os artistas engajados defendiam a busca de uma cultura “popular e autêntica” que fosse alternativa à massificação cultural do cinema e do rádio, e à entrada maciça de produtos culturais estadunidenses. Para os artistas e intelectuais que defendiam este projeto, o rico folclore das massas camponesas era uma das fontes de inspiração.

Mas não bastava se inspirar no folclore para entrar para o clube da “nueva canción”. A música comercial de vários países latino-americanos já se influenciava pelo folclore nacional desde meados dos anos 1950 e nem por isso era sinônimo de engajamento. As bases da “nueva canción” foram lançadas no momento em que o interesse pelo folclore se encontrou com uma nova postura política diante dos problemas e dilemas dos países latino-americanos, resultando em um projeto de dimensões estéticas e ideológicas bem delimitadas, ainda que muito plural em seus estilos e estéticas.


O ano de 1963 marca o início desse engajamento. Naquele ano, divulgou-se em Mendoza o “Manifesto del Nuevo Cancioneiro”, que sistematizou as diretrizes da “nueva canción” argentina, enquanto, no Uruguai, era lançado o primeiro disco do uruguaio Daniel Viglietti, marco fonográfico da “canción protesta” latino-americana, como também seria conhecido aquele novo movimento cultural.

O “Manifesto” foi escrito pelo poeta e radialista Armando Tejada Gomez, assinado por 14 artistas entre os quais Mercedes Sosa, que se tornaria a intérprete mais conhecida da canção engajada latino-americana. O texto dizia: “A busca por uma música nacional de conteúdo popular tem sido e é um dos mais caros objetivos do povo argentino”.

Lançado dentro de um contexto de governo militar instaurado em 1962, com a deposição do presidente Arturo Frondizi, o “Manifiesto” aglutinou um sentimento nacionalista, libertário e de oposição às elites oligárquicas tradicionais, à medida que defendia a música popular como veículo de identidade cultural e política dos excluídos, valorizando regionalismos, promovendo a produção independente e resistindo à imitação musical de obras estrangeiras.

O Uruguai foi outro polo importante da “nueva canción”. Em 1963, seria lançado o disco “Canciones folklóricas y seis impresiones para canto y guitarra”, daquele que viria a ser o maior embaixador da música de protesto do Uruguai: o compositor, cantor e violonista Daniel Viglietti. Ao incluir no disco duas canções do argentino Atahualpa Yupanqui e um poema do cubano Nicolás Guillén, Viglietti contribuiu muito para a integração cultural das esquerdas latino-americanas, fazendo inclusive sucesso no exterior, como na França.


O Chile também passava por um importante processo de renovação musical. Desde os anos 1950, Violeta Parra percorria os mais longínquos rincões do país para recolher materiais folclóricos. Ela se tornaria uma grande compositora da “Nueva Canción Chilena”, movimento que explode em 1965, e que tinha como epicentro a “Peña” (uma espécie de taberna musical) dos seus dois filhos, Ángel e Isabel. O movimento musical chileno foi ganhando novos membros, quase todos jovens engajados oriundos das universidades, como Victor Jara, Rolando Alarcón e os lendários grupos Quilapayún e Inti-Illimani.

Finalmente, veio de Cuba, primeiro país latino-americano a formar um governo socialista, a quarta grande “coluna” musical alinhada com o novo cancioneiro latino-americano. Batizado de “nueva trova cubana “tal movimento teve nos cantores e compositores Silvio Rodríguez e Pablo Milanés seus grandes representantes.

Em todos estes países, particularmente no Chile e em Cuba, a “nueva canción” foi além do folclorismo ou das baladas com letras diretas e engajadas, uma vez que criou formas poéticas e arranjos musicais sofisticados, em alguns casos inspirados no jazz e no rock, embora o violão e os instrumentos de percussão e corda tradicionais dessem o tom.

Em 1967, aconteceu o 1º Encuentro de la Canción Protesta, em Havana, ocasião em que os principais nomes da música engajada se mostraram dispostos a radicalizar sua atividade e trocar figurinhas sobre os rumos da nova canção. Naquele momento, em Cuba e no Cone Sul, a polarização da Guerra Fria e a euforia com a Revolução Cubana promoviam a emergência de temas contemporâneos cada vez mais presentes nas canções de protesto. Os ideais revolucionários, o anti-imperialismo, a crítica à guerra do Vietnã, e a defesa da reforma agrária na América Latina eram alguns deles. Estiveram no evento os chilenos Ángel Parra e Rolando Alarcón, e os uruguaios Alfredo Zitarrosa, Daniel Viglietti e Los Olimareños, entre outros.


A experiência socialista no Chile governado pela Unidad Popular (1970-1973) e os movimentos de guerrilha anti-imperialistas e socialistas que se disseminaram pelo continente entre o fim dos anos 1960 e começo dos anos 1970, foram embalados pela trilha sonora da “nueva canción”. Não por acaso, os principais compositores tiveram que se exilar depois dos golpes de Estado que instauraram ditaduras militares. No Chile, tal era a identificação da “Nueva Canción Chilena” com o governo deposto da Unidad Popular, que o general Pinochet proibiu os instrumentos típicos deste movimento, como a charango e a zampoña.

Ao longo das décadas de 1970 e 1980, enquanto durou a ditadura militar no Brasil, canções de Violeta Parra, Sílvio Rodríguez e Pablo Milanés foram largamente executadas e regravadas no país, em especial por Milton Nascimento (“Volver a los 17″, em 1976, “Canción por la Unidad Latino-Americana”, em 1978, “Sueño con Serpientes”, em 1980) e Chico Buarque (“Pequeña Serenata Diurna”, em 1978, “Supõe”, em 1982, “Iolanda” e “Como se fosse a primavera”, em 1984). Artistas que, à sua maneira, faziam canções de protesto e se esforçavam para promover o diálogo com os países vizinhos.

Brasileiros: Nara Leão, Raul Seixas, Roberto Carlos, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Paulo César Pinheiro, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Sérgio Ricardo, Secos & Molhados, Edu Lobo, Wilson Simonal, Clara Nunes, Odair José, João Bosco & Aldir Blanc, Elis Regina, Milton Nascimento, Taiguara, Os Mutantes, Ivan Lins, Gonzaguinha, Jair Rodrigues, MPB 4, Gal Costa.

Latino-Americanos: Atahualpa Yupanqui, Violeta Parra, Daniel Viglietti, Mercedes Sosa, Víctor Jara, Quilapayun, Inti-Illimani, Pablo Milanés, Silvio Rodríguez e Joan Baez.


Tom Jobim
Um dos criadores do movimento da Bossa Nova, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, conhecido por "Tom Jobim", nasceu no Rio de Janeiro, dia 25 de janeiro de 1927 e faleceu em Nova Iorque, no dia 8 de dezembro de 1994. Dedicado à música, Tom Jobim foi compositor, pianista, maestro, cantor e violonista brasileiro. Algumas de suas composições: Garota de Ipanema, Eu sei que vou te amar, Águas de março, Pela luz dos olhos teus, Samba do Avião, dentre outras.


Vinícius de Moraes
Um dos fundadores do movimento da Bossa Nova, junto à João Gilberto e Tom Jobim, Marcus Vinícius de Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913 e faleceu em sua cidade natal, no dia 9 de julho de 1980. Figura multifacetada, Vinícius foi poeta, compositor, diplomata, dramaturgo, jornalista brasileiro. Algumas de suas composições: Soneto da Fidelidade, Aquarela, Samba da benção, a Felicidade, a Casa, o Girassol, dentre outras.


Elis Regina
A cantora nascida em Porto Alegre no ano de 1945 começou sua carreira ainda aos 11 anos em um programa de rádio que lançava novos sucessos mirins. Lançou seu primeiro LP com 16 anos e passou a ser conhecida na década de 1960, quando fez sucesso em festivais de música de Bossa Nova e MPB. Também fez músicas em crítica a Ditadura Militar, assim como vários artistas da MPB. Faleceu em 1982 por conta de uma overdose de cocaína e álcool.


Nara Lofego Leão
Nascida em Vitória (ES), no dia 19 de janeiro de 1942 e faleceu no Rio de Janeiro, 7 de junho de 1989 (decorrência de um tumor), foi uma cantora , compositora e sambista brasileira. Filha caçula do casal capixaba Jairo Leão, advogado, e Altina Lofego Leão, professora. Mudou-se para a Cidade do Rio de Janeiro quando tinha apenas um ano de idade, com os pais e a irmã, a jornalista Danuza Leão. Aos 14 anos, em 1956, resolveu estudar violão na academia de Carlos Lyra e Roberto Menescal. Aos 18 anos, Nara tornou-se professora da academia A estreia profissional se deu quando da participação, ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na comédia Pobre Menina Rica (1963).

O título de musa da Bossa Nova foi a ela creditado pelo cronista Sérgio Porto. Mas a consagração efetiva ocorre após o golpe militar de 1964, com a apresentação do espetáculo Opinião, ao lado de João do Vale e Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão imposta pelo regime militar. Maria Bethânia, por sua vez, a substituiria no ano seguinte, pois Nara precisara se afastar por estar afônica em consequência da poeira do teatro.Nota-se que Nara Leão vai mudando suas preferências musicais ao longo dos anos 1960. De musa da Bossa Nova, passa a ser cantora de protesto e simpatizante das atividades dos Centros Populares de Cultura da UNE.












segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

MOVIMENTOS MUSICAIS NO BRASIL


A partir dos anos 1950, a música passou a ser tratada como um território em disputa: cada ritmo uma religião, cada gênero um time de futebol. Não apenas se disseminaram os rótulos, a ponto de os gêneros musicais começarem a ser impressos nos selos dos álbuns, como também se difundiu o costume de averiguar a filiação estética. Em outras palavras, a “panelinha” a que cada artista estava associado. Fulano cantava samba, ciclano fazia choro, beltrano tocava toadas. E fazia toda a diferença saber se o samba era de morro, de carnaval, de breque ou samba-canção. Dependendo do samba, dava para concluir se um artista era mais solar ou noturno, pobre ou rico, enfim, que apito ele tocava.


Foi assim que os jovens da Zona Sul carioca, carentes de um repertório que tivesse a sua cara — mais requintado que os sambas de morro, mais praiano que os sambas-canção de boate, em que imperava a fossa e a dor de cotovelo — investiram suas fichas na bossa nova, movimento musical surgido em 1958. Movimento, sim, porque era mais do que um gênero. Harmonia, melodia, ritmo e letra transmitiam a essência do que era ser jovem na Zona Sul do Rio de Janeiro. A música não se limitava aos discos e shows. Todo o resto tinha de fazer sentido também: das roupas ao corte de cabelo, das gírias aos locais frequentados.


Essa lógica se estendeu aos demais movimentos que se seguiram. A jovem guarda, criada pela moçada com um olho no rock estrangeiro. As canções de protesto, preferidas por quem militava no movimento estudantil e na resistência à ditadura. O tropicalismo, que buscava assimilar guitarras e música regional, liberdade de expressão e cultura de massa. Cada um à sua maneira, os movimentos contribuíram para elevar a prática musical a um patamar político sem precedentes no Brasil.

Processo semelhante caracterizou a música latino-americana, especialmente nos países que viviam sob ditaduras militares ou sob governos socialistas recentes. A nueva trova cubana, o nuevo cancioneiro argentino, o canto popular uruguaio, a nueva canción chilena foram algumas denominações mais ou menos locais para uma tendência geral de valorização de ritos folclóricos e expressões populares, quase sempre revestidas com letras de protesto.




Em todos esses lugares, desde meados dos anos 1960, a arte foi cerceada pela censura, e muitos compositores foram presos e exilados. Alguns morreram. O chileno Victor Jara, preso no dia do golpe que depôs Salvador Allende em 1973, teve as mãos esmigalhadas e o corpo crivado por mais de 30 tiros numa noite de extermínio do Estádio Nacional, em Santiago (o mesmo que, em 2003, virou Estádio Victor Jara). No Brasil, o arbítrio se abateu principalmente sobre os autores da música de protesto e da Tropicália — Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Taiguara e Geraldo Vandré foram alguns dos artistas presos e exilados.


A função social da música deixava de ser o mero entretenimento. As canções eram concebidas para fazer pensar. E contaminavam as demais esferas da vida cultural: a moda, o comportamento, a atitude. E não é que, de uma hora para outra, cada ouvinte percebeu que era preciso procurar sua turma.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

RAUL SEIXAS


Raul Santos Seixas (Salvador, 28 de junho de 1945 - São Paulo, 21 de agosto de 1989), foi um cantor e compositor brasileiro, frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro.

Também foi produtor musical da CBS durante sua estada no Rio de Janeiro, e por vezes é chamado de "Pai do Rock Brasileiro" e "Maluco Beleza".

Sua obra musical é composta por 17 discos lançados em seus 26 anos de carreira e seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como "Sing”.

Seu álbum de estreia, Raulzito e os Panteras (1968), foi produzido quando ele integrava o grupo Raulzito e os Panteras, mas só ganhou notoriedade crítica e de público com as músicas de Krig-ha, Bandolo! (1973), como "Ouro de Tolo", "Mosca na Sopa", "Metamorfose Ambulante".

Raul Seixas adquiriu um estilo musical que o creditou de "contestador e místico", e isso se deve aos ideais que vindicou, como a Sociedade Alternativa apresentada em Gita (1974), influenciado por figuras como o ocultista britânico Aleister Crowley.


Ele conseguiu gozar de uma audiência relativamente alta durante sua vida, e mesmo nos anos 80 continuou produzindo álbuns que venderam bem, como Abre-te Sésamo (1980), Raul Seixas (1983), Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! (1987) e A Panela do Diabo (1989), esse último em parceria com o também baiano e amigo Marcelo Nova.

E sua obra musical tem aumentado continuamente de tamanho, na medida em que seus discos (principalmente álbuns póstumos) continuam a ser vendidos, tornando-o um símbolo do rock do país e um dos artistas mais cultuados e queridos entre os fãs nos últimos anos.

Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Raul Seixas figurando a posição 19ª, encabeçando nomes como Milton NascimentoMaria BethâniaHeitor Villa-Lobos e outros.

No ano anterior, a mesma revista promoveu a Lista dos Cem Maiores Discos da Música Brasileira, onde dois de seus álbuns apareceram Krig-ha, Bandolo! de 1973 atingiu a 12ª posição e Novo Aeon ficou em 53º lugar, demonstrando que o vigor musical de Raul Seixas continua a ser considerado importante hoje em dia.

Cético e agnóstico, Raul se interessava por filosofia (principalmente metafísica e ontologia), psicologia, história, literatura e latim e algumas ideias dessas correntes foram muito aproveitadas em sua obra, que possuía uma recepção boa ou de curiosidade por conta disso.


Infância

Raul Santos Seixas nasceu às 8 horas da manhã em 28 de junho de 1945 numa família de classe média baiana que vivia na Avenida Sete de Setembro, Salvador. Seu pai, Raul Varella Seixas, era engenheiro da estrada de ferro e sua mãe, Maria Eugênia Santos Seixas, se dedicava às atividades domésticas.

Foi registrado no Cartório de Registro Civil de Salvador com o nome do pai e do avô paterno. Em 16 de setembro do mesmo ano, batizaram-no na Igreja Matriz da Boa Viagem. Em 4 de dezembro de 1948, Raul Seixas ganhou um irmão, o único, Plínio Santos Seixas, com quem teria um bom relacionamento durante sua infância.

Os estudos de Raul Seixas começaram em 1952, onde frequentou o curso primário estudando com a professora Sônia Bahia. Concluído o curso em 1956, fundou o Club dos Cigarros com alguns amigos. O trágico percurso escolar de Raul Seixas se iniciaria em 1957, quando ele ingressou no ginásio Colégio São Bento, onde foi reprovado na 2ª série por três anos.

Um dos motivos da reprovação, segundo alguns biógrafos, é que ele, em vez de ir assistir as aulas, ouvia rock and roll— em seus primórdios — na loja Cantinho da Música. No mesmo ano, em 13 de Julho, Raul Seixas fundou o Elvis Rock Club com o amigo Waldir Serrão. Segundo a jornalista Ana Maria Bahiana, é através de Serrão que Raul Seixas começou a sair de casa e a manter uma vida social mais ampla.


Segundo Raul, o encontro com Waldir foi fantástico: "me preparei todo, botei a gola pra cima, botei o topete, engomei o cabelo, e fiquei esperando ele, masclando chiclete". O Elvis Rock Club era como uma gangue, que procurava brigas na rua, fazia arruaça, roubava bugigangas e quebrava vidraças. Embora Raul não gostasse muito disso, "ia na onda, pois o rock (pelo menos a meu ver) tinha toda uma maneira de ser".

Então, a família resolveu matricular Raul num colégio de padres, o Colégio Interno Marista, onde ele alcançou a 3ª série em 1960, mas acabou repetindo o estágio em 1961. Ao que tudo indica, nessa época Raul Seixas começou a se interessar pela leitura. O pai de Raul Seixas amava os livros e possuía uma vasta biblioteca em casa. Tão logo decifrou o mistério das letras, o garoto pôs-se a ler os volumes que encontrava na biblioteca do pai Raul.

Sendo assim, as histórias que lia na biblioteca fermentavam sua imaginação e, com os cadernos do colégio, fazia desenhos, criava personagens, enredos, para depois vender ao irmão quatro anos mais novo, que acabava ficando interessado e comprava os esboços. Segundo Raul, um dos personagens principais dessas histórias era um cientista maluco chamado "Mêlo" (algo como "amalucado"), que viajava para diversos lugares imaginários como o Nada, o Tudo, Vírgula Xis Ao Cubo, Oceanos de Cores.

Segundo Raul, Melô era sua "outra parte, a que buscava as respostas, o eu fantástico, viajando fora da lógica em uma maquinazinha em que só cabia um só passageiro... Melô-eu, Plínio ficava horas ouvindo o irmão contar suas histórias, dentro do quarto dos dois, e Raul frequentemente encenava os personagens como um ator. Ambos os irmãos tinham algo em comum: adoravam literatura, mas odiavam a escola.

Mais tarde, já maduro, Raul Seixas diria: "Eu era um fracasso na escola. A escola não me dizia nada do que eu queria saber. Tudo o que aprendia era nos livros, em casa ou na rua. Repeti cinco vezes a segunda série do ginásio. Nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la." De um modo ou de outro, Raul Seixas precisava frequentar a escola vez ou outra. Em uma determinada ocasião, o pai perguntou a Raul como ele ia na escola e pediu seu boletim.

Raul mostrou um boletim falsificado, com todas as matérias resultando em um 10. O pai questionava se ele havia estudado, mas Maria Eugênia interrompia, dizendo algo como "Estudou nada, ficou aí ouvindo rocko tempo inteiro, essa porcaria desse béngue-béngue, de élvis préji, de líri ríchi e gritando essas maluquices." Os pais de Raul, como toda a geração da época, estranhavam o rock e ele não era muito bem-vindo entre as famílias.


Anos 1960: Os Panteras

Embora Raul mantivesse um gosto muito sincero pela música, seu sonho maior era ser escritor como Jorge Amado. Na sua cidade, escutavam Luiz Gonzaga todos os dias, nas praças, nas casas, em todos os estabelecimentos. Enquanto isso, Raul junta-se a cena do Rock que se formava em Salvador. "Em 54/55, ninguém sabia o que era rock. Eu tocava e me atirava no chão imitando Little Richard." Com o passar do tempo, a banda que chegou a ter diversos nomes, como Relâmpagos do Rock, formadas então pelos irmãos Délcio e Thildo Gama, passa por várias formações e em 1963, passa a se chamar The Panters, banda que agora já se tornara sensação de Salvador.

A fama se espalha, e a banda é rebatizada pelo nome Os Panteras, tendo em sua formação definitiva além de Raulzito, os integrantes Mariano Lanat, Eládio Gilbraz e Carleba. Em 1967, Raul Seixas começa um relacionamento com Edith Wisner, filha de um pastor protestante americano. O pai de Edith não aceita o namoro da filha. Em seis meses, completa o segundo grau, faz cursinho pré-vestibular e passa em Direito, Psicologia e Filosofia. Com isso, casa-se com Edith. Logo em seguida, abandona os estudos, volta a reunir os Panteras e aceita o convite de Jerry Adriani para ir para o Rio de Janeiro.

Em 1968, Raulzito e os Panteras gravam seu primeiro e único disco, Raulzito e os Panteras. Assinando contrato com a gravadora EMI-Odeon, após encontrarem Chico Anysio e Roberto Carlos, que os reconheceu nos corredores de uma grande gravadora. O disco no entanto não teria sucesso de critica nem de público. Eládio Gilbraz, um dos panteras, diria: "De um lado havia a inexperiência de quatro rapazes, recém-chegados da Bahia, falando em qualidade musical, agnosticismo, mudança de conceitos e sonhos. Do outro lado, uma multinacional que só falava em "comercial". Talvez não tenha sido o disco que o grupo imaginara, mas nosso sonho era gravar um disco.

A partir daí, Raulzito e os Panteras passariam sérias dificuldades no Rio de Janeiro. Raul morava em Ipanema, e ia a pé até o centro da cidade para tentar divulgar suas músicas, não obtendo sucesso. Algumas vezes os Panteras recebiam ajuda de Jerry Adriani, tocando como banda de apoio, o que, segundo o próprio Raul, lhe deu muita experiência e lhe ajudou a descobrir como se comunicar, pois suas "músicas eram muito herméticas". Raulzito passaria então fome no Rio de Janeiro (como mais tarde escreveria em Ouro de Tolo).


Transição: Produtor Musical

Raul Seixas estava totalmente abalado pelo fracasso com Os Panteras, e a sua volta a Salvador. Escrevia ele: "Passava o dia inteiro trancado no quarto lendo filosofia, só com uma luz bem fraquinha, o que acabou me estragando a vista [...] Eu comprei uma motocicleta e fazia loucuras pela rua." No entanto a sorte começaria a mudar, um dia, conhece na Bahia um diretor da CBS Discos

Mais tarde ele convidaria Raul para ser produtor da gravadora. Sem pensar duas vezes, ele faz as malas, junto a Edith, e volta para o Rio. Raul volta ao Rio para usar seus enciclopédicos conhecimentos de música como produtor fonográfico. Nos cadernos de composições de Raul começaria a ser alimentada uma revolução. Esta seria a segunda chance de Raul, apostando no talento do amigo, Jerry Adriani convence o então presidente da CBS, Evandro Ribeiro, a dar a Raulzito um emprego de produtor. Raulzito trabalhou anonimamente por um bom tempo.

Raul após ter entrado na CBS, fez grandes aliados e amigos. Ainda em 1968, a dupla Os Jovens e a banda The Sunshines apostaram em suas letras. No entanto, Raul faria um grande amigo e parceiro: Leno, da dupla Leno e Lilian. "Raulzito sempre esteve 20 anos adiante de seu tempo e Leno o compreendia; na verdade, sempre houve uma grande admiração mútua". Diria Arlindo Coutinho, da relações públicas da CBS. Em seu compacto duplo Papel Picado, lançado em 1969, Leno registrou Um Minuto Mais, versão de Raulzito para I Will (nada a ver com a canção de Paul McCartney). 

Também não se pode esquecer de Mauro Motta, outro grande parceiro de Raul nesta fase. Jerry Adriani decide convocar Raulzito para ser o produtor de seus discos. No álbum de 1969, aproveitou para gravar uma de suas músicas, Tudo Que É Bom Dura Pouco. Naquela mesma época, outros ídolos da Jovem Guarda também apadrinharam Raulzito gravando suas letras como Ed Wilson, Renato e seus Blue Caps, Jerry Adriani, Odair José.

O ano de 1970 marcou o início de uma fase muito ativa na carreira de Raulzito, como produtor da CBS. Primeiramente, suas composições passaram a ser gravadas pelos artistas do cast da gravadora. Passou o ano produzindo discos para Tony & Frankye, Osvaldo Nunes, Jerry Adriani, Edy Star e Diana, além de escrever uma quantidade enorme de músicas para os colegas da gravadora. Algumas de muito sucesso, como Doce doce amor (Jerry Adriani), Ainda Queima a Esperança (Diana) e Se ainda existe amor (Balthazar).

Raulzito nessa época passa a ter um bom emprego de respeitado produtor, que conseguira lançar suas composições como Hits na voz de outros cantores e produzir grandes artistas. Mas, Raulzito não se conformava apenas com isso, ainda mais quando conheceu o amigo e parceiro Sérgio Sampaio, passando cada vez mais a realimentar os sonhos de quando ainda morava em Salvador, que era ser um cantor.

Ao lado de Leno, Raulzito participa do disco Vida e Obra de Johnny McCartney, disco solo de Leno, em que ambos buscam novos caminhos e experimentações. Juntos assinam letras e composições em parcerias. Foi o primeiro Lp gravado em oito canais no Brasil. As letras do disco foram censuradas que acabou não sendo lançado na época.

Outro projeto mal sucedido seria o LP Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, lançado em 1971, com a parceria de Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star, onde Raul Seixas deu início a produção de um projeto de ópera-rock, tendo as letras mutiladas pela censura do Regime Militar. O Sociedade Grã Ordem Kavernista era um disco Anarquico, inspirado em Frank Zappa e o então cultuado Disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles misturado a elementos brasileiros, como samba, chorinho, baião.

Quando lançado, o disco não obteve sucesso de público e nem de crítica. Foi abandonado à própria sorte até mesmo pela gravadora, cujos executivos tanto no Brasil como na matriz, nos Estados Unidos não gostaram do resultado final. Com isso, não houve investimento em divulgação do trabalho nas rádios e programas musicais da época. Muitas lendas cercam esse disco que traz 11 faixas intercaladas por vinhetas. A principal delas diz que Raul, Sérgio, Edy e Míriam gravaram as músicas às escondidas, à noite, sem que ninguém na CBS soubesse e que por esse motivo, Raul Seixas, então um bem-sucedido produtor da gravadora, teria sido demitido.

No entanto, segundo Edy Star, único sobrevivente dos quatro artistas, o trabalho foi profissional e feito com o conhecimento da gravadora. E Raul não foi demitido. Tanto que no ano seguinte, em 1972, produziu o compacto Diabo no Corpo, de Míriam Batucada, e o LP de estreia da cantora Diana, na própria CBS. Raul só saiu da gravadora meses depois desse último trabalho, sendo contratado pela RCA Victor.


Anos 1970: Auge e Repercussão Nacional

Em 1972, Raul Seixas decide participar do Festival Internacional da Canção, sendo convencido por Sérgio Sampaio. O cantor compõe duas músicas, "Let Me Sing, Let Me Sing", defendida pelo próprio Raul e "Eu Sou Eu e Nicuri é o Diabo", defendida por Lena Rios & Os Lobos. Ambas chegam a final, obtendo sucesso de critica e de público. Rapidamente, Raul foi contratado pela gravadora Philips.

Na época, ele também se interessa por um artigo sobre extraterrestres publicado na revista A Pomba e tem o seu primeiro contato com o escritor Paulo Coelho, que mais tarde, se tornaria seu parceiro musical.

No ano de 1973, Raul consegue um grande sucesso com a música "Ouro de Tolo" no álbum Krig-ha, Bandolo!. A música possui uma letra quase autobiográfica, mas que também debocha da Ditadura e do "Milagre Econômico". O mesmo LP, continha outras músicas que se tornaram grandes sucessos, como: "Metamorfose Ambulante", "Mosca na Sopa" e "Al Capone".

Raul Seixas finalmente alcança grande repercussão nacional, graças a divulgação da imagem do cantor como ícone popular. Porém, logo a imprensa e os fãs da época, foram aos poucos percebendo que Raul não era apenas um cantor e compositor.

Ainda em 1973, Raul resolve homenagear algumas músicas clássicas do rock americano e brasileiro no disco Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock. Raul foi, no entanto, proibido pela gravadora de assinar seu nome no disco de covers, pois ela achou que o álbum poderia prejudicar as vendas de Krig-ha, Bandolo!.

A solução foi creditar o álbum a uma certa banda chamada Rock Generation, com o nome de Raul presente apenas na contracapa, como diretor de produção. O álbum não teve qualquer tipo de divulgação e acabou inicialmente sendo esquecido nas lojas, porém com os sucessos posteriores de Raul, alcançando grandes vendagens, a gravadora Philips acabou por divulgar melhor o trabalho.

No ano de 1974, Raul Seixas e Paulo Coelho criam a Sociedade Alternativa, uma sociedade baseada nos preceitos do bruxo inglês Aleister Crowley, praticamente repetindo o chamado Livro da Lei. O cantor foi levado pelo escritor a conhecer uma ordem filosófica baseada na Lei de Thelema, desenvolvida por Crowley.

A Sociedade Alternativa, com sede alugada, papel timbrado e relatórios mensais, chegou a anunciar a aquisição de um terreno em Minas Gerais, para a construção da Cidade das Estrelas, uma comunidade onde a única lei era: “Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei.” Em todos os seus shows, Raul divulgava a Sociedade Alternativa com a música de mesmo nome.

A obsessão de Raul Seixas e Paulo Coelho em construir “uma verdadeira civilização thelêmica”, evidentemente, trouxe problemas com a Censura. A letra da música "Como Vovó já Dizia" composta pelos dois, teve de ser mudada. Logo no show de lançamento, a polícia apreendeu o gibi/manifesto "A Fundação de Krig-Ha" e o queimou como material subversivo. A Ditadura, então, através do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) prendeu Raul e Paulo, pensando que a Sociedade Alternativa fosse um movimento armado contra o governo.

"Veio uma ordem de prisão do Exército e me detiveram no Aterro do Flamengo. Me levaram para um lugar que não sei onde era. Imagine a situação: estava nu, com uma carapuça preta. E veio de lá mil barbaridades. Tudo para eu dizer os nomes de quem fazia parte da Sociedade Alternativa, que, segundo eles, era um movimento revolucionário contra o governo. O que não era. Era uma coisa mais espiritual. Preferiria dizer que tinha pacto com o demônio a dizer que tinha parte com a revolução. Então foi isso, me escoltaram até o aeroporto." (...) - Raul Seixas sobre o exílio ocorrido em 1974, em uma entrevista publicada na revista Bizz, em março de 1987.

Depois de torturados, Raul e Paulo foram exilados para os Estados Unidos, com suas respectivas esposas, Edith Wisner e Adalgisa Rios. Muitas histórias são contadas sobre a estadia de Raul Seixas nos Estados Unidos, como seu encontro com John Lennon, mas ninguém sabe ao certo se são verdadeiras.

No entanto, o LP Gita gravado poucos meses antes faz tanto sucesso, que forçou a Ditadura a trazê-los de volta para o Brasil. O álbum Gita rendeu à Raul um disco de ouro, após vender 600.000 cópias, sendo considerado o LP de maior sucesso de sua carreira. Ainda neste ano, Raul separa-se de Edith, que vai para os Estados Unidos com a filha do casal, Simone.

Em 1975, Raul Seixas casa-se com Glória Vaquer, e grava o LP Novo Aeon, onde compôs junto com Paulo Coelho, uma de suas músicas mais conhecidas, "Tente Outra Vez", que seria creditada juntamente com Marcelo Motta, por quem eram discipulados na Astrum Argentum (AA). O LP, porém, vendeu menos de 60 mil cópias. Ainda em 1975, Raul lê um manifesto e canta a Sociedade Alternativa no documentário Ritmo Alucinante, que foi um festival de rock realizado no Rio de Janeiro, gravado no álbum Hollywood Rock, lançado no mesmo ano.

Em 1976, Raul supera a má-vendagem do disco Novo Aeon com o álbum Há Dez Mil Anos Atrás. Neste mesmo ano, nasce sua segunda filha, Scarlet. Chega então ao fim, o seu contrato com a gravadora Philips e sua parceria com Paulo Coelho, embora continuassem amigos (ou inimigos íntimos).

Em 1972 Jay Vaquer, músico e cunhado de Raul na época, coletou material para fazer um novo disco, Raul Rock Seixas, que diziam ser um álbum feito de resto de gravações, mas na verdade a história era outra. Raul escolheu as músicas, e Jay começou a fazer os arranjos. Porém, antes de Raul Seixas e Jay terminarem de mixá-lo devido à suas ausências por causa dos shows, a Philips lançou o disco sem avisá-los, sob o selo da Fontana/Phonogram, mixando-o por conta própria.

Segundo Jay, isso prejudicou o trabalho que ambos haviam planejado anteriormente, destruindo o LP, porque finalmente seu nome estava num LP de Raul como produtor, arranjador, e guitarrista, e seu trabalho foi muito mal representado.

Em 1977, nasce no Brasil uma nova gravadora, a WEA, que se interessa em contratar Raul Seixas. Por volta deste período, intensifica-se a parceria com o amigo Cláudio Roberto, com quem Raul compôs várias de suas canções mais conhecidas. Juntos, realizaram o LP O Dia Em Que A Terra Parou. A crítica não gostou. Foi dito que não mantinha o mesmo nível dos trabalhos anteriores. Mas os fãs se deliciam com “Maluco Beleza”, “Sapato 36” e a faixa-título.

Naquele final de década as coisas começaram a ficar ruins para Raul. A partir do ano de 1978, começa a ter problemas de saúde devido ao alcoolismo lhe causando a perda de 1/3 do pâncreas. Raul passa alguns meses numa fazenda na Bahia, para se recuperar da pancreatite. Ele separe-se de Glória, que, assim como Edith, também voltou aos Estados Unidos, levando a filha Scarlet. Neste ano, conhece Tania Menna Barreto, com quem passa a viver.

Lança o LP Mata Virgem que conta com a volta de Paulo Coelho, porém, ambos chegam a conclusão, de que essa parceria já não tinha mais como dar certo. Além disso, a má divulgação atrapalhou as vendas do disco e a crítica também não ajudou.  No ano de 1979, Raul separa-se de Tania. Começa então, a depressão de Raul Seixas junto com uma internação para tratar do alcoolismo.

Conhece Angela Affonso Costa, a Kika Seixas, sua quarta companheira. Lança seu último LP com a WEA, Por Quem os Sinos Dobram, em parceria com o amigo Oscar Rasmussen e logo após, rescinde o contrato com a gravadora.


Anos 1980: Altos e Baixos

Em 1980, assina novamente contrato com a CBS (desta vez como cantor) lançando mais um álbum, Abre-te Sésamo, que contém outros sucessos e têm as faixas "Rock das Aranha" e "Aluga-se" censuradas. Logo depois, o contrato é rescindido.

Em 1981, nasce a terceira filha, Vivian, fruto de seu casamento com Kika. Em 1982, faz um show na praia do Gonzaga, em Santos, reunindo mais de 150 mil pessoas. No mesmo ano, Raul apresenta-se bêbado em Caieiras, São Paulo, e é quase linchado pela platéia que não acredita que Raul é o próprio, mas um impostor.

Desde 1980, Raul estava sem gravadora e agora também sem perspectiva de um novo contrato. Mergulhado na depressão, Raul afunda-se nas drogas. Porém, em 1983, Raul é convidado para gravar um disco pelo Estúdio Eldorado. Logo depois, Raul é convidado para gravar o especial infantil Plunct, Plact, Zuuum da Rede Globo, onde canta a música "Carimbador Maluco".

O álbum Raul Seixas (1983), que continha a canção, dá à Raul mais um disco de ouro. Em 1984, grava o LP "Metrô Linha 743" pela gravadora Som Livre, com a maior parte das composições em parceria com sua companheira Kika Seixas e uma das faixas, Mas I Love You (Pra Ser Feliz), em parceria com seu guitarrista Rick Ferreira, que teve participação em todos os discos de Raul, a partir de Gita.

Mas depois, Raul teve as portas fechadas novamente, devido ao seu consumo excessivo de álcool e constantes internações para desintoxicação. Também em 1984, a Eldorado lança o disco Ao Vivo - Único e Exclusivo. Em 1985, separa-se de Kika Seixas. Faz um show em 1 de dezembro 1985, no Estádio Lauro Gomes, na cidade de São Caetano do Sul.

Só voltaria a pisar no palco no ano de 1988, ao lado de Marcelo Nova. Conseguindo um contrato com a gravadora Copacabana, em 1986 (de propriedade da EMI), grava um disco que foi lançado somente no ano seguinte, devido ao alcoolismo de Raul. O disco Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! faz grande sucesso entre os fãs, chegando a ganhar disco de ouro e estando presente até em programas de televisão, como o Fantástico.

Nesta época, conhece Lena Coutinho, que se torna sua companheira. A partir desse ano, estreita relações com Marcelo Nova (fazendo uma participação no disco Duplo Sentido, da banda Camisa de Vênus). Um ano mais tarde, 1988, já separado de Lena, faz seu último álbum solo, A Pedra do Gênesis.

A convite de Marcelo Nova, faz alguns shows em Salvador, após três anos sem pisar num palco. No ano de 1989, faz uma turnê com Marcelo Nova, agora parceiro musical, totalizando 50 apresentações pelo Brasil. Durante os shows, Raul mostra-se debilitado. Tanto que só participa de metade do show, a primeira metade é feita somente por Marcelo Nova.


Morte

As 50 apresentações pelo Brasil resultaram naquele que seria o último disco lançado em vida por Raul Seixas. O disco foi intitulado de A Panela do Diabo, que foi lançado pela Warner Music Brasil no dia 22 de agosto de 1989.

Na manhã do dia 21 de agosto, Raul Seixas foi encontrado morto sobre a cama, por volta das oito horas da manhã em seu apartamento em São Paulo, vítima de uma parada cardíaca: seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante.

O LP A Panela do Diabo vendeu 150.000 cópias, rendendo a Raul um disco de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova, tornando-se assim um dos discos de maior sucesso de sua carreira.

Raul foi velado pelo resto do dia no Palácio das Convenções do Anhembi. No dia seguinte seu corpo foi levado por via aérea até Salvador e sepultado às 17 horas, no Cemitério Jardim da Saudade.


Após a Morte

Depois de sua morte, Raul permaneceu entre as paradas de sucesso. Foram produzidos vários álbuns póstumos, como O Baú do Raul (1992), Raul Vivo (1993 - Eldorado), Se o Rádio não Toca... (1994 - Eldorado) e Documento (1998). Inúmeras coletâneas também foram lançadas, como Os Grandes Sucessos de Raul Seixas de (1993), a grande maioria sem novidades, mas algumas com músicas inéditas como As Profecias (com uma versão ao vivo de "Rock das Aranhas") de 1991 e Anarkilópolis (com "Cowboy Fora da Lei Nº2") de 2003.

Sua penúltima mulher, Kika, já produziu um livro do cantor (O Baú do Raul), baseado em escritos dos diários de Raul Seixas desde os seis anos de idade até a sua morte. Em 2002, o cantor paraibano Zé Ramalho lançou o DVD Zé Ramalho Canta Raul Seixas: Ao Vivo contando com algumas canções de Raul no repertório.

Em 2004, o canal a cabo Multishow promoveu um show especial de tributo a Raul, intitulado O Baú do Raul: Uma Homenagem a Raul Seixas. O show, gravado na Fundição Progresso (Rio de Janeiro) e lançado em CD e DVD, contou com artistas como Toni Garrido, CPM 22, Marcelo D2, Gabriel o Pensador, Arnaldo Brandão, Raimundos, Maurício Baia, Nasi, Caetano Veloso, Pitty e Marcelo Nova (os três últimos baianos, como Raul).

Mesmo depois de sua morte, Raul Seixas continua fazendo sucesso entre novas gerações. Vinte anos depois de sua morte, o produtor musical Marco Mazzola, amigo pessoal de Raul, divulgou a canção inédita "Gospel", censurada na década de 1970. A canção foi incluída na trilha sonora da telenovela Viver a Vida, da Rede Globo. Em 2013, o cantor americano Bruce Springsteen cantou "Sociedade Alternativa" na abertura de seu show no Rock in Rio 2013.

Em junho de 2014, a Rede Record definiu a música "Tente outra vez", como tema de abertura da novela Vitória. Em 2015, a gravadora Som Livre lançou o DVD e em formato CD O Baú do Raul – 25 Anos Sem Raul Seixas, gravado em agosto de 2014 na Fundição Progresso no mês em que se completaram exatos 25 anos da morte do cantor e que contou com a participação dos seus sucessos nas vozes de Jerry Adriani, Nação Zumbi, Baía, Ana Cañas, Forfun, Zeca Baleiro, Marcelo Nova, Marcelo Jeneci, Digão, Tico Santa Cruz, Cachorro Grande, entre outros, além da presença da banda original do músico, Os Panteras.

Desde 2002, o nome de uma de suas canções mais famosas, "Maluco Beleza", é utilizada para dar nome a uma rádio em Campinas que é feita por pessoas com problemas de saúde mental e usuários de drogas, visando reintroduzi-las na sociedade.


Filmografia
1992 - Tanta Estrela Por Aí... (curta-metragem de 19 minutos com Rita Lee)

Homenagens no Teatro e Televisão
1999 - Como Raul Já Dizia (espetáculo do grupo baiano de teatro Os Argonautas)
1999 - Raul Fora da Lei (monólogo produzido por Roberto Bontempo que marcou os dez anos de falecimento de Raul)
2005 - Raul Seixas, A Metamorfose Ambulante (musical de Plínio Seixas e Deolindo Checcucci em homenagem aos sessenta anos de nascimento do músico)
2009 - Por Toda a Minha Vida (especial de fim de ano exibido pela Rede Globo de Televisão que marcou os vinte anos da morte de Raul)
2012 - Meu amigo Raul (espetáculo da Associação Cultural Teatro de Pano)
2015 - Raul: "Esse caminho que eu mesmo escolhi..." (edição do programa-documentário Caminhos da Reportagem, da TV Brasil).

Discografia

Carreira Solo - Álbuns de Estúdio

Álbuns ao Vivo
Hollywood Rock
Ao Vivo - Único e Exclusivo
Eu Raul Seixas
Se o Rádio Não Toca
Isso aqui não é Woodstock, Mas um dia pode ser

Compactos Simples (Single)
Maluco Beleza / Maluco Beleza
Maluco Beleza / Você
O Dia em que a Terra Parou / Eu Quero Mesmo
Judas / Magia de Amor
Movido a Álcool / Por Quem os Sinos Dobram
Abre-te Sésamo / Abre-te Sésamo
Anos 80 / Minha Viola
Coração Noturno / D.D.I. (Discagem Direta Interestelar)
Muita Estrela, Pouca Constelação / Muita Estrela, Pouca Constelação (com o Camisa de Vênus)
Mosca na Sopa / 72 en 92 (com Jay Anthony Vaquer)
Morning Train
É Fim de Mês

Duplos (EP)
Krig-Ha, Bandolo!
Medo da Chuva
Novo Aeon
Há 10 mil anos atrás
Maluco Beleza
A Maçã

Coletâneas
1981 - O Melhor De Raul Seixas
1982 - A arte de Raul Seixas
1983 - O Pacote Fechado de Raul Seixas
1985 - Let Me Sing My Rock And Roll
1985 - Raul Seixas Rock
1986 - Caminhos
1986 - Raul Rock Seixas Volume 2
1987 - Caroço de Manga
1988 - Metamorfose Ambulante
1988 - O Segredo do Universo
1988 - Raul Seixas Para Sempre
1990 - Raul Seixas - Personalidade - The Best of Brazil
1990 - Maluco Beleza
1991 - As Profecias (Contém uma faixa inédita)
1992 - O Baú do Raul
1993 - Os Grandes Sucessos de Raul Seixas
1994 - Minha História
1995 - Geração Pop Vol.2: Raul Seixas
1996 - MPB Compositores 4: Raul Seixas
1997 - As Melhores do Maluco Beleza
1998 - Documento
1998 - 20 Grandes Sucessos de Raul Seixas
1998 - Preferência Nacional
1998 - Música! O Melhor da Música de Raul Seixas
1999 - Brilhantes: Raul Seixas
1999 - Millennium: Raul Seixas
2000 - Areia da Ampulheta
2000 - Enciclopedia Musical Brasileira
2001 - Warner 25 Anos: Raul Seixas
2002 - Série Identidade: Raul Seixas
2002 - Série Gold: Raul Seixas
2003 - Anarkilópolis (Contém duas faixas inéditas)
2004 - Essential Brasil: Raul Seixas
2005 - O Baú do Raul Revirado (álbum com raridades vendido somente com o livro de mesmo nome)
2005 - Novo Millennium: Raul Seixas
2005 - Série Bis: Raul Seixas
2006 - Warner 30 Anos: Raul Seixas
2008 - Sem Limite: Raul Seixas
2009 - 20 Anos sem Raul Seixas (Reedição de Documento com uma faixa inédita extra)
2011 - MPB no JT

Caixas
1995 - Série Grandes Nomes: Raul (Caixa com 4 CD's e livreto ilustrado)
2002 - Maluco Beleza (Caixa com 6 CD's e livro ilustrado)
2009 - 10.000 Anos à Frente (Reedição da caixa Maluco Beleza)

Participações - Trilhas Sonoras

Filmes
1996 - Quem Matou Pixote?

Novelas

Musicais Televisivos

Outros Álbuns
1972 - Carnaval Chegou (Coletânea com vários artistas. Raul canta a faixa Eterno Carnaval)
1973 - Phono 73 – O canto de um povo (LP gravado ao vivo em 1973 com vários artistas da gravadora Philips. Raul aparece com a música Loteria de Babilônia)
1973 - Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua - Álbum do cantor e compositor Sérgio Sampaio, com participação de Raul Seixas cantando na faixa "Viajei de Trem".
1979 - O Banquete dos Mendigos (LP duplo gravado ao vivo em 1973 com vários artistas. Raul aparece com a faixa Cachorro Urubu)
1987 - Duplo Sentido (LP duplo da banda baiana Camisa de Vênus no qual Raul canta na faixa Muita Estrela, Pouca Constelação)
1995 - Vida e Obra de Johnny McCartney - Álbum do cantor e compositor Leno, gravado (e censurado) em 1971. Raulzito (Raul Seixas) participa na produção, composições e vocais.

Tributos