segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

BOSSA NOVA


Foi o maior movimento musical brasileiro do século XX. Tanto que virou sinônimo de música brasileira no mundo todo a partir de 1960, com dezenas de canções regravadas, em português ou em inglês, por músicos de jazz e big bands. Elevou-se, assim, à décima potência o poder de penetração demonstrado por Carmen Miranda décadas antes, quando o samba se firmava como marca nacional.

Surgido em 1958, o movimento da bossa nova, num primeiro momento, se restringia à Zona Sul do Rio de Janeiro. Sua missão era satisfazer uma demanda específica dos jovens de classe média e alta que frequentavam Copacabana e Ipanema, arranhavam o violão (inclusive nas praias), e não se identificavam com o que tocava nas rádios e nos discos.

Naquela época, a música brasileira era produzida quase sempre com arranjos carregados, cheios de instrumentos, e os cantores esbanjavam um vozeirão empostado de locutor. O modernismo que influenciava todas as artes era avesso a esses exageros. Em especial nas letras, quase sempre sofridas, que versavam sobre dor-de-cotovelo e traições, e transformavam a noite carioca num cenário de fossa.


Contra essa corrente, três artistas se destacaram. Tom Jobim, com formação erudita, criava harmonias complexas disfarçadas de coisa simples, como a arquitetura de Oscar Niemeyer. Vinícius de Moraes, poeta reconhecido e diplomata, adicionou versos prosaicos à harmonia do parceiro, compondo canções leves e risonhas que falavam sobre “peixinhos a nadar no mar” e “beijinhos que darei na sua boca”.

Por fim, João Gilberto deu o golpe de mestre: gravou aquilo com uma voz suave, intimista, que em nada lembrava o vozeirão dos nossos astros, e resumiu todo o ritmo de uma bateria de escola de samba numa batida de violão. Tal cadência passou a definir o ritmo em oposição ao samba.

No mais, os bossa-novistas tinham entusiasmo o bastante para espalhar aquela batida pelos quatro cantos. Musa inspiradora do grupo, Nara Leão tinha pouco mais de 14 anos quando se matriculou na academia de violão de Carlos Lyra e Roberto Menescal. A partir de então, passou a abrir seu apartamento para reuniões às quais compareciam os principais nomes do movimento.


A bossa nova foi hegemônica como movimento apenas até 1962, quando dois de seus fundadores, Tom Jobim e João Gilberto, se mudaram para os Estados Unidos (antes de o golpe militar ser deflagrado). O patrimônio lançado nesses quatro anos, no entanto, serviu de pilar para a obra de muitos dos principais cantores e compositores que os sucederam e que foram os pioneiros dos movimentos seguintes.

Desde a bossa nova engajada, variação liderada pelos músicos Carlos Lyra, Nara Leão, Sérgio Ricardo, Edu Lobo, Ruy Guerra e Geraldo Vandré, entre 1961 e 1965, até a Tropicália (Caetano Veloso diz que João Gilberto é seu maior ídolo), de 1967, passando pelo protesto de Chico Buarque, Milton Nascimento e outros.


Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) Principal intérprete: João Gilberto.
Esta música é considerada o marco fundador da bossa nova, primeira canção a unir a santíssima trindade do movimento: harmonia de Tom, letra de Vinícius e a batida do violão de João (além de sua voz característica). Foi gravada por Elizeth Cardoso em 1957, ainda sem a voz de João, que já executava o violão, e estourou no ano seguinte, num compacto simples do cantor baiano.

“Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça) Principal intérprete: João Gilberto”. Uma das primeiras gravações de João, já em seu segundo compacto, ironizava na letra a dura lida dos cantores da noite. Foi a primeira a empregar a expressão “bossa nova”, funcionando como auto referência: “Isso é bossa nova/ isso é muito natural…”. Serviu de cartão de visitas para a internacionalização do movimento, ao ser gravada pelo saxofonista Stan Getz e o guitarrista Charlie Byrd, numa versão instrumental, num compacto que superou 1 milhão de cópias vendidas em 1962.

“Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) Principal intérprete: João Gilberto/ Astrud Gilberto/ Stan Getz”. Composta por Tom e Vinícius, foi inspirada numa jovem de 19 anos chamada Heloísa Pinheiro, que costumava ir à praia passando em frente ao Veloso, um bar onde a dupla batia ponto. Apresentada num show em agosto de 1962 — o primeiro a juntar a santíssima trindade num palco — ganhou sua gravação definitiva em dezembro, nos Estados Unidos, com João cantando em português e sua mulher Astrud Gilberto em inglês. Regravada em diversos países, tornou-se a segunda música mais executada no mundo, atrás apenas de “Yesterday “, dos Beatles.

“O Barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) Principal intérprete: Nara Leão” A canção traduziu como nenhuma outra o espírito da bossa nova: música jovem feita por gente jovem, num cenário calmo e festivo, de luz, mar e sol. Conta-se que seus autores, praticantes de pesca submarina em Cabo Frio (RJ), ficaram à deriva num barco com defeito, durante uma de suas pescarias, e compuseram a canção ali mesmo, dedilhando o violão enquanto esperavam para ser rebocados.

“Meditação (Tom Jobim e Newton Mendonça) Principal intérprete: João Gilberto” A canção foi lançada em 1960, no terceiro álbum de João Gilberto, que tinha como título justamente seu verso mais emblemático: O amor, o sorriso e a flor. A trinca virou uma espécie de síntese do movimento. Para o bem ou para o mal, convencionou-se dizer que a bossa nova era isto, uma moçada bronzeada e bem-nascida dedicada a cantar o amor, o sorriso e a flor. com o tempo, esse traço foi interpretado como alienação, uma falta de sensibilidade para os problemas do mundo.



Com a renúncia de Jânio Quadros e a posse de João Goulart, em 1961, o país passou a conviver com notícias periódicas de que o novo presidente implementaria um plano de governo cheio de medidas populares e evidente tendência à polarização. Reforma agrária, reforma educacional e nacionalização de empresas privadas que atuassem em setores estratégicos eram alguns de seus pilares.

Esses temas, bem como a presença de intensas ondas migratórias do Nordeste para o Sudeste, o inchaço das favelas, a situação do morador de morro, entre outros, passaram a inspirar os artistas mais sensíveis às causas sociais.

O polo criador em que essa posição ideológica era mais explícita era o Centro Popular de Cultura da UNE, criado em 1961 por gente da música, do teatro e do cinema: Carlos Lyra, Oduvaldo Vianna Filho, Leon Hirszman e Carlos Estevam, que logo atraíram para o grupo Edu Lobo, Nara Leão, Ruy Guerra, Sérgio Ricardo e Geraldo Vandré.


Letras de cunho social começaram a se disseminar, normalmente embaladas em harmonias que flertavam com a música folclórica e as manifestações populares. Já em 1960, Lyra havia escrito a trilha sonora de uma peça de Vianinha com o sugestivo título de A Mais Valia Vai Acabar, Seu Edgard, na qual incluiu sua “Canção do Subdesenvolvido”.

Foi por meio do CPC que Sérgio Ricardo e Ruy Guerra emplacaram os primeiros filmes, como Esse Mundo É Meu, e Edu Lobo fez as primeiras trilhas para teatro, em especial as canções compostas com Ruy Guerra (“Reza”, “Aleluia”) e Gianfrancesco Guarnieri (“Upa Neguinho”, “Eu Vivo Num Tempo de Guerra”), presentes em espetáculos dirigidos por Augusto Boal, como Arena Conta Zumbi, de 1965, que lançou a semente do Teatro do Oprimido.

O produto mais notável desse período, também dirigido por Augusto Boal, no Teatro de Arena do Rio, foi o Show Opinião. Nele, a musa da bossa nova, Nara Leão, subiu ao palco acompanhada pelo sambista carioca Zé Keti, autor da música “Opinião”, e pelo sanfoneiro nordestino João do Vale, autor de “Carcará”. O encontro foi tocante: a burguesia letrada, lado a lado com a autêntica cultura nacional, indicavam o caminho para a música cada vez mais engajada que seria feita a seguir, na segunda metade dos anos 1960 e no início dos anos 1970, períodos caracterizados pela hegemonia da Era dos Festivais e das canções de protesto.


No mesmo ano de 1965, a revelação de Elis Regina no 1º Festival da TV Excelsior, cantando “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, transformou a cantora gaúcha de vinte anos no maior fenômeno da música brasileira. Dois dias após sua consagração na final do festival, Elis subia no palco do Teatro Paramount para apresentar por três noites consecutivas o show Dois na Bossa, ao lado de um crooner de boate, que fazia relativo sucesso com a música “Deixe que Digam”: Jair Rodrigues. Confirmando o talento da cantora, uma das três noites foi registrada no álbum homônimo, que bateu a marca de 1 milhão de cópias vendidas.

Uma semana após o festival da Excelsior, o país só queria saber de Elis Regina. Os diretores da emissora, no entanto, se recusaram a contratá-la, afirmando que não teriam onde aproveitá-la. Coube à concorrente Record fazer o que precisava ser feito: criou para ela um programa, O Fino da Bossa, no qual repetiria a dupla com Jair Rodrigues.

Ali como no show, apresentavam um repertório fortemente inspirado na bossa nova tradicional e na bossa nova engajada, incluindo sambas de morro emprestados do Show Opinião, três canções de Edu Lobo, outras duas de Carlos Lyra, duas de Sérgio Ricardo. Elis, dona do maior salário da TV, alçava a bossa engajada a uma audiência inédita.


“Influência do Jazz (Carlos Lyra) Principal intérprete: Carlos Lyra”. Um dos pioneiros da bossa nova, com três canções gravadas no primeiro álbum de João Gilberto, Carlos Lyra foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da UNE. Foi também o principal articulador da guinada social impressa ao movimento no início da década, em consonância com as políticas populares propostas por João Goulart, que levariam ao golpe de 1964.

Nessa canção, rompeu simbolicamente com a bossa nova, ao apontar os efeitos dela no samba tradicional, agora americanizado e, por extensão, desvirtuado. “Pobre samba meu/ foi se misturando, se modernizando, se perdeu…”.

“Marcha da Quarta-Feira de Cinzas (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes) Principal intérprete: Toquinho e Vinícius Gravada por Carlos Lyra”. Um ano antes do golpe militar, a marcha-rancho se revelou profética: “Ninguém passa mais/ cantando feliz/ e nos corações/ saudades e cinzas/ foi o que restou/ (…) a tristeza que a gente vê/ qualquer dia vai se acabar/ todos vão sorrir/ voltou a esperança/ é o povo que dança/ contente da vida/ feliz a cantar. “Na década de 1970, voltou a ser gravada e executada nos shows de Toquinho e Vinícius, em sua versão mais famosa”.

“Maria Moita (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes) Principal intérprete: Thelma”. Com a mudança de Tom Jobim para os Estados Unidos, no final de 1962, Vinícius de Moraes engatou uma fértil parceria com Carlos Lyra. Ao longo de 1963, compuseram as canções da peça Pobre Menina Rica, de autoria do próprio Vinícius, lançadas em vinil no ano seguinte. “Maria Moita” é uma das músicas mais politizadas da peça, toda ela ambientada num acampamento de mendigos. “Nasci lá na Bahia/ de mucama com feitor/ o meu pai dormia em cama/ minha mãe no pisador/ (…) o homem acaba de chegar, tá com fome/ a mulher tem que olhar pelo homem/ e é deitada ou em pé/ mulher tem é que trabalhar.”

“Opinião (Zé Keti) Principal intérprete: Nara Leão”. O samba do carioca Zé Keti foi muito marcante para a tomada de consciência política que marcou a cultura popular brasileira em 1964. Tanto que acabou emprestando seu nome não apenas ao famoso espetáculo criado por Augusto Boal no Teatro de Arena do Rio de Janeiro, mas também ao segundo disco de Nara Leão, musa do show e da bossa nova politizada, e ainda a um jornal alternativo. A letra vestia como uma luva o clima sombrio que envolvia os porões da ditadura ao longo da década: “Podem me prender/ podem me bater/ podem até deixar-me sem comer/ que eu não mudo de opinião”.

“Fica Mal Com Deus (Geraldo Vandré) Principal intérprete: Geraldo Vandré”. A primeira música feita apenas por Geraldo Vandré, que até então era somente letrista, foi gravada num compacto de 1963 e incluída posteriormente em seu primeiro disco, no ano seguinte. Primeiro grande sucesso desse compositor paraibano radicado no Rio de Janeiro e ligado ao CPC da UNE, a canção tem uma mensagem tão clara quanto seus versos: “Fica mal com Deus/ quem não sabe dar/ fica mal comigo/ que não sabe amar.” Em 1966, foi gravada por Jair Rodrigues no lado B de Disparada.

“Esse Mundo é Meu (Sérgio Ricardo e Ruy Guerra) Principal intérprete: Elis Regina e Jair Rodrigues”. Tema do filme homônimo de 1964, dirigido por Sérgio Ricardo e montado por Ruy Guerra, seus compositores, a canção seria incluída no famoso pout-pourri do morro entoado por Elis Regina e Jair Rodrigues no show Dois na Bossa, em abril de 1965. O filme narra a tomada de consciência social por dois jovens. Pedro trabalha numa serralheria e não pode se casar enquanto não recebe aumento. Toninho é engraxate e junta dinheiro para comprar uma bicicleta. “Fui escravo no reino e sou/ escravo no mundo em que estou/ mas acorrentado ninguém pode amar”.


A inspiração ideológica da “nueva canción” vinha tanto das lutas nacionalistas contra o imperialismo, quanto das lutas socialistas pela emancipação das classes populares, historicamente reprimidas e excluídas da vida política na maioria dos países latino-americanos. Ambos eram fortemente temperados pela busca de uma unidade cultural latino-americana, sonhada desde o século XIX, mas que entre os anos 1950 e 1970 do século XX, voltava a motivar os movimentos revolucionários que fervilharam pelo continente.

O nacionalismo anti-imperialista que se generalizou nos anos 1950, a Revolução Boliviana de 1952, a Revolução Cubana de 1959 e a experiência socialista chilena no começo dos anos 1970 foram os principais movimentos que inspiraram as novas canções. Os artistas engajados defendiam a busca de uma cultura “popular e autêntica” que fosse alternativa à massificação cultural do cinema e do rádio, e à entrada maciça de produtos culturais estadunidenses. Para os artistas e intelectuais que defendiam este projeto, o rico folclore das massas camponesas era uma das fontes de inspiração.

Mas não bastava se inspirar no folclore para entrar para o clube da “nueva canción”. A música comercial de vários países latino-americanos já se influenciava pelo folclore nacional desde meados dos anos 1950 e nem por isso era sinônimo de engajamento. As bases da “nueva canción” foram lançadas no momento em que o interesse pelo folclore se encontrou com uma nova postura política diante dos problemas e dilemas dos países latino-americanos, resultando em um projeto de dimensões estéticas e ideológicas bem delimitadas, ainda que muito plural em seus estilos e estéticas.


O ano de 1963 marca o início desse engajamento. Naquele ano, divulgou-se em Mendoza o “Manifesto del Nuevo Cancioneiro”, que sistematizou as diretrizes da “nueva canción” argentina, enquanto, no Uruguai, era lançado o primeiro disco do uruguaio Daniel Viglietti, marco fonográfico da “canción protesta” latino-americana, como também seria conhecido aquele novo movimento cultural.

O “Manifesto” foi escrito pelo poeta e radialista Armando Tejada Gomez, assinado por 14 artistas entre os quais Mercedes Sosa, que se tornaria a intérprete mais conhecida da canção engajada latino-americana. O texto dizia: “A busca por uma música nacional de conteúdo popular tem sido e é um dos mais caros objetivos do povo argentino”.

Lançado dentro de um contexto de governo militar instaurado em 1962, com a deposição do presidente Arturo Frondizi, o “Manifiesto” aglutinou um sentimento nacionalista, libertário e de oposição às elites oligárquicas tradicionais, à medida que defendia a música popular como veículo de identidade cultural e política dos excluídos, valorizando regionalismos, promovendo a produção independente e resistindo à imitação musical de obras estrangeiras.

O Uruguai foi outro polo importante da “nueva canción”. Em 1963, seria lançado o disco “Canciones folklóricas y seis impresiones para canto y guitarra”, daquele que viria a ser o maior embaixador da música de protesto do Uruguai: o compositor, cantor e violonista Daniel Viglietti. Ao incluir no disco duas canções do argentino Atahualpa Yupanqui e um poema do cubano Nicolás Guillén, Viglietti contribuiu muito para a integração cultural das esquerdas latino-americanas, fazendo inclusive sucesso no exterior, como na França.


O Chile também passava por um importante processo de renovação musical. Desde os anos 1950, Violeta Parra percorria os mais longínquos rincões do país para recolher materiais folclóricos. Ela se tornaria uma grande compositora da “Nueva Canción Chilena”, movimento que explode em 1965, e que tinha como epicentro a “Peña” (uma espécie de taberna musical) dos seus dois filhos, Ángel e Isabel. O movimento musical chileno foi ganhando novos membros, quase todos jovens engajados oriundos das universidades, como Victor Jara, Rolando Alarcón e os lendários grupos Quilapayún e Inti-Illimani.

Finalmente, veio de Cuba, primeiro país latino-americano a formar um governo socialista, a quarta grande “coluna” musical alinhada com o novo cancioneiro latino-americano. Batizado de “nueva trova cubana “tal movimento teve nos cantores e compositores Silvio Rodríguez e Pablo Milanés seus grandes representantes.

Em todos estes países, particularmente no Chile e em Cuba, a “nueva canción” foi além do folclorismo ou das baladas com letras diretas e engajadas, uma vez que criou formas poéticas e arranjos musicais sofisticados, em alguns casos inspirados no jazz e no rock, embora o violão e os instrumentos de percussão e corda tradicionais dessem o tom.

Em 1967, aconteceu o 1º Encuentro de la Canción Protesta, em Havana, ocasião em que os principais nomes da música engajada se mostraram dispostos a radicalizar sua atividade e trocar figurinhas sobre os rumos da nova canção. Naquele momento, em Cuba e no Cone Sul, a polarização da Guerra Fria e a euforia com a Revolução Cubana promoviam a emergência de temas contemporâneos cada vez mais presentes nas canções de protesto. Os ideais revolucionários, o anti-imperialismo, a crítica à guerra do Vietnã, e a defesa da reforma agrária na América Latina eram alguns deles. Estiveram no evento os chilenos Ángel Parra e Rolando Alarcón, e os uruguaios Alfredo Zitarrosa, Daniel Viglietti e Los Olimareños, entre outros.


A experiência socialista no Chile governado pela Unidad Popular (1970-1973) e os movimentos de guerrilha anti-imperialistas e socialistas que se disseminaram pelo continente entre o fim dos anos 1960 e começo dos anos 1970, foram embalados pela trilha sonora da “nueva canción”. Não por acaso, os principais compositores tiveram que se exilar depois dos golpes de Estado que instauraram ditaduras militares. No Chile, tal era a identificação da “Nueva Canción Chilena” com o governo deposto da Unidad Popular, que o general Pinochet proibiu os instrumentos típicos deste movimento, como a charango e a zampoña.

Ao longo das décadas de 1970 e 1980, enquanto durou a ditadura militar no Brasil, canções de Violeta Parra, Sílvio Rodríguez e Pablo Milanés foram largamente executadas e regravadas no país, em especial por Milton Nascimento (“Volver a los 17″, em 1976, “Canción por la Unidad Latino-Americana”, em 1978, “Sueño con Serpientes”, em 1980) e Chico Buarque (“Pequeña Serenata Diurna”, em 1978, “Supõe”, em 1982, “Iolanda” e “Como se fosse a primavera”, em 1984). Artistas que, à sua maneira, faziam canções de protesto e se esforçavam para promover o diálogo com os países vizinhos.

Brasileiros: Nara Leão, Raul Seixas, Roberto Carlos, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Paulo César Pinheiro, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Sérgio Ricardo, Secos & Molhados, Edu Lobo, Wilson Simonal, Clara Nunes, Odair José, João Bosco & Aldir Blanc, Elis Regina, Milton Nascimento, Taiguara, Os Mutantes, Ivan Lins, Gonzaguinha, Jair Rodrigues, MPB 4, Gal Costa.

Latino-Americanos: Atahualpa Yupanqui, Violeta Parra, Daniel Viglietti, Mercedes Sosa, Víctor Jara, Quilapayun, Inti-Illimani, Pablo Milanés, Silvio Rodríguez e Joan Baez.


Tom Jobim
Um dos criadores do movimento da Bossa Nova, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, conhecido por "Tom Jobim", nasceu no Rio de Janeiro, dia 25 de janeiro de 1927 e faleceu em Nova Iorque, no dia 8 de dezembro de 1994. Dedicado à música, Tom Jobim foi compositor, pianista, maestro, cantor e violonista brasileiro. Algumas de suas composições: Garota de Ipanema, Eu sei que vou te amar, Águas de março, Pela luz dos olhos teus, Samba do Avião, dentre outras.


Vinícius de Moraes
Um dos fundadores do movimento da Bossa Nova, junto à João Gilberto e Tom Jobim, Marcus Vinícius de Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913 e faleceu em sua cidade natal, no dia 9 de julho de 1980. Figura multifacetada, Vinícius foi poeta, compositor, diplomata, dramaturgo, jornalista brasileiro. Algumas de suas composições: Soneto da Fidelidade, Aquarela, Samba da benção, a Felicidade, a Casa, o Girassol, dentre outras.


Elis Regina
A cantora nascida em Porto Alegre no ano de 1945 começou sua carreira ainda aos 11 anos em um programa de rádio que lançava novos sucessos mirins. Lançou seu primeiro LP com 16 anos e passou a ser conhecida na década de 1960, quando fez sucesso em festivais de música de Bossa Nova e MPB. Também fez músicas em crítica a Ditadura Militar, assim como vários artistas da MPB. Faleceu em 1982 por conta de uma overdose de cocaína e álcool.


Nara Lofego Leão
Nascida em Vitória (ES), no dia 19 de janeiro de 1942 e faleceu no Rio de Janeiro, 7 de junho de 1989 (decorrência de um tumor), foi uma cantora , compositora e sambista brasileira. Filha caçula do casal capixaba Jairo Leão, advogado, e Altina Lofego Leão, professora. Mudou-se para a Cidade do Rio de Janeiro quando tinha apenas um ano de idade, com os pais e a irmã, a jornalista Danuza Leão. Aos 14 anos, em 1956, resolveu estudar violão na academia de Carlos Lyra e Roberto Menescal. Aos 18 anos, Nara tornou-se professora da academia A estreia profissional se deu quando da participação, ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na comédia Pobre Menina Rica (1963).

O título de musa da Bossa Nova foi a ela creditado pelo cronista Sérgio Porto. Mas a consagração efetiva ocorre após o golpe militar de 1964, com a apresentação do espetáculo Opinião, ao lado de João do Vale e Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão imposta pelo regime militar. Maria Bethânia, por sua vez, a substituiria no ano seguinte, pois Nara precisara se afastar por estar afônica em consequência da poeira do teatro.Nota-se que Nara Leão vai mudando suas preferências musicais ao longo dos anos 1960. De musa da Bossa Nova, passa a ser cantora de protesto e simpatizante das atividades dos Centros Populares de Cultura da UNE.












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