segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

GRANDES NOMES DA MUSICA NACIONAL

Os Mutantes

Em 1964, os irmãos Arnaldo Baptista e Cláudio César Dias Baptista, juntamente com Raphael Vilardi e Roberto Loyola, fundaram o grupo The Wooden Faces. Um ano depois, conheceram e convidaram Rita Lee - então no Teenage Singers - a integrar a banda. Ainda entraria no grupo Sérgio, o caçula na família Baptista. A nova banda passou a se chamar Six Sided Rockers, depois O Conjunto e O´Seis.

Em 1966, eles gravaram compacto simples pela Continental com as composições "Suicida" (de Raphael e Roberto) e "Apocalipse" (de Raphael e Rita), que vendeu menos de duzentas cópias. Ainda naquele ano, Cláudio César, Raphael e Roberto deixariam o grupo. Arnaldo, Rita e Sérgio mantiveram o grupo, que foi rebatizado com o nome definitivo de Os Mutantes — na época, Sérgio e Arnaldo leram o livro O Império dos Mutantes, ficção científica de Stefan Wul publicado na Colecção Argonauta de Portugal.


Ronnie Von, uma das estrelas da Jovem Guarda (embora nunca tenha participado do programa apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa), comandava então o programa dominical O Pequeno Mundo de Ronnie Von, transmitido pela TV Record, e não havia gostado do nome anterior. Em 15 de outubro de 1966, Os Mutantes estrearam no programa. Impressionaram tanto que o grupo foi convidado a fazer parte do elenco fixo do programa. Eles também participaram das gravações do LP Ronnie Von - nº 3.

Banda brasileira de rock psicodélico é considerada um dos principais grupos do rock brasileiro. Assim como grande parte dos grupos dos anos de 1960, Os Mutantes foram fortemente influenciados por The Beatles, Jimi Hendrix e Sly & The Family Stone. No entanto, os músicos brasileiros eram também mergulhados em sua cultura local, exercendo sua própria criatividade na utilização de feedback, distorção e truques de estúdio de todos os tipos, assim como era feito pelo quarteto de Liverpool e pelo grupo The Beach Boys.


Nesse sentido, os Mutantes foram pioneiros na mescla do rock and roll com elementos musicais e temáticos brasileiros. Outra característica do grupo era a irreverência. Pois como Os Mutantes, passou a existir uma espécie de mistura da música estrangeira com a brasileira e a adição de novas ideias, com doses de experimentalismo, abrindo, assim, o caminho para o hibridismo musical.

O grupo logo se tornou um dos principais expoentes da nova MPB, influenciada pela Tropicália, até terminar em 1978, com apenas Sérgio Dias como integrante original. Ao longo destes doze anos foram gravados nove álbuns, sendo que dois deles - O A e o Z e Tecnicolor - foram lançados apenas na década de 1990.

Foi nessa década que foi reconhecida no cenário do rock nacional e internacional a importância dos Mutantes como um dos grupos mais criativos, dinâmicos, radicais e talentosos da era psicodélica e da história da música mundial. Em 2006, a banda se reuniu, sem Rita Lee ou Liminha, mas contando com a presença de Arnaldo Baptista e com Zélia Duncan nos vocais. No ano seguinte, Arnaldo e Zélia se desligaram da banda, que foi recomposta com outros músicos e continua a fazer shows sob a liderança de Sérgio Dias, único membro restante da formação original.


Em março de 1970, foi lançado A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado, considerado um marco na carreira do grupo, que tenta se distanciar do tropicalismo e abraçar de vez o rock. O maior destaque do LP foi a canção-título "Ando Meio Desligado" (de Arnaldo, Sérgio e Rita). Outro destaque fica por conta da regravação de "Chão de Estrelas" (de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa), que foi muito criticada pelos críticos e puristas daquela época. No final daquele ano e com o baixista Liminha integrado ao quarteto Arnaldo-Sérgio-Rita-Dinho, os Mutantes retornam à França para realizar algumas apresentações.

Convidados pelo produtor Carl Holmes, aproveitaram para gravar algumas canções no estúdio Des Dames, com a intenção era lançar um álbum principalmente em inglês para atrair público internacional. Mas a Polydor desistiria do projeto mesmo com um álbum inteiro já gravado. Somente em 1999, o disco seria lançado, chamado Tecnicolor.


No início de 1971, a banda foi contratada pela Rede Globo para serem uma das atrações fixas do programa Som Livre Exportação. Inicialmente, o grupo gostou, mas depois se desinteressou pelo projeto. Ainda naquele ano, foi lançado Jardim Elétrico, álbum no qual foram utilizados alguns instrumentos fabricados por Cláudio Baptista, irmão mais velho de Arnaldo e Sérgio. Quatro faixas gravadas em Paris foram aproveitadas para o disco. Em 30 de dezembro de 1971, Rita e Arnaldo se casaram. Ela disse anos depois que o casamento foi apenas para ganhar independência dos pais e que os irmãos disputaram no palitinho quem assinaria a certidão. Na volta da lua-de-mel, o casal rasgaria a certidão de casamento no programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo.

Tim Maia

Tim Maia, nome artístico de Sebastião Rodrigues Maia (Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1942Niterói, 15 de março de 1998), foi um cantor, compositor, maestro, produtor musical, instrumentista e empresário brasileiro, responsável pela introdução dos gêneros soul e funk na música popular brasileira e reconhecido como um dos maiores ícones da música no Brasil. Suas músicas eram marcadas pela rouquidão de sua voz, sempre grave e carregada, conquistando grande vendagem e consagrando muitos sucessos.

Nasceu e cresceu na cidade do Rio de Janeiro, onde, durante a juventude, conviveu com Jorge Ben Jor e Erasmo Carlos. Em 1957, fundou o grupo The Sputniks, no qual cantou junto a Roberto Carlos. Em 1959, emigrou para os Estados Unidos, onde teve seus primeiros contatos com o soul, vindo a ser preso e deportado por roubo e porte de drogas. Em 1970, gravou seu primeiro disco, intitulado Tim Maia, que, rapidamente, tornou-se um sucesso com músicas como "Azul da Cor do Mar" e "Primavera".


Nos três anos seguintes, lançou vários discos homônimos, fazendo sucesso com canções como "Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)" e "Gostava Tanto de Você". De julho de 1974 a 25 de setembro de 1975, aderiu à doutrina filosófico-religiosa conhecida como Cultura Racional, lançando, nesse período, dois discos, com destaque para "Que Beleza" e "O Caminho do Bem". Desiludiu-se com a doutrina e voltou ao seu estilo de música anterior, lançando sucessos como "Descobridor dos Sete Mares" e "Me Dê Motivo". Muitas de suas músicas foram gravadas sob a editora Seroma e a gravadora Vitória Régia Discos, sendo um dos primeiros artistas independentes do Brasil.

Ganhou o apelido de "síndico do Brasil" de seu amigo Jorge Ben Jor na música W/Brasil. Na década de 1990, diversos problemas assolaram a vida do cantor: problemas com as Organizações Globo e a saúde precária, devido ao uso constante de drogas ilícitas e ao agravamento de seu grau de obesidade. Sem condições de realizar uma apresentação no Teatro Municipal de Niterói, saiu em uma ambulância e, após duas paradas cardiorrespiratórias, morreu em 15 de março de 1998.


É amplo seu legado à história da música brasileira, e sua obra veio a influenciar diversos artistas, como seu sobrinho Ed Motta e seu filho Léo Maia (também cantores). A revista Rolling Stone Brasil classificou Tim Maia como o maior cantor brasileiro de todos os tempos, e também como o 9º maior artista da música brasileira.

Milton Nascimento

Milton do Nascimento (Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1942), apelidado "Bituca", é um cantor e compositor brasileiro reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos cantores e compositores da Música Popular Brasileira.

Mineiro de coração, tornou-se conhecido nacionalmente, quando a canção "Travessia", composta por ele e Fernando Brant, ocupou a segunda posição no Festival Internacional da Canção, de 1967. Tem como parceiros e músicos que regravaram suas canções, nomes como: Wayne Shorter, Pat Metheny, Björk, Peter Gabriel, Sarah Vaughan, Chico Buarque, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Fafá de Belém, Simone e Elis Regina.


Já recebeu 5 prêmios Grammy. Em 1998, ganhou o Grammy de Best World Music Album in 1997. Milton já se apresentou na América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e África.

Até agora, Milton Nascimento já gravou 34 álbuns. Cantou com dúzias de outros artistas, incluindo Maria Bethânia, Elis Regina, Gal Costa, Jorge Ben Jor, Caetano Veloso, Simone, Chico Buarque, Clementina de Jesus, Gilberto Gil, Lô Borges, Beto Guedes, Paul Simon, Criolo, Angra, Peter Gabriel, Duran Duran (com quem co-escreveu e gravou a faixa "Breath After Breath", de 1993), Herbie Hancock, Quincy Jones.

Caetano Veloso

Caetano Emanuel Viana Teles Veloso (Santo Amaro, 7 de agosto de 1942) é um músico, produtor, arranjador e escritorbrasileiro. Com uma carreira que ultrapassa cinco décadas, Caetano construiu uma obra musical marcada pela releitura e renovação e considerada amplamente como possuidora de grande valor intelectual e poético. Embora desde cedo tivesse aprendido a tocar violão em Salvador, escrito entre os anos de 1960 e 1962 críticas de cinema para o Diário de Notíciase conhecido o trabalho dos cantores de rádios e dos músicos de bossa nova (notavelmente João Gilberto, seu "mestre supremo" e com quem dividiria o palco anos mais tarde), Caetano iniciou seu trabalho profissionalmente apenas em 1965, com o compacto "Cavaleiro/Samba em Paz", enquanto acompanhava a irmã mais nova Maria Bethânia por suas apresentações nacionais do espetáculo Opinião, no Rio de Janeiro.


Nessa década, conheceu Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé, participou dos festivais de música popular da Rede Record e compôs trilhas de filmes. Em 1967, saiu seu primeiro LP, Domingo, com Gal Costa, e, no ano seguinte, liderou o movimento chamado Tropicalismo, que renovou o cenário musical brasileiro e os modos de se apresentar e criar música no Brasil, através do disco Tropicalia ou Panis et Circencis, ao lado de vários músicos. Em 1968, face ao endurecimento do regime militar no Brasil, compôs o hino "É Proibido Proibir", que foi desclassificado e amplamente vaiado durante o III Festival Internacional da Canção. Em 1969, foi preso pelo regime militar e partiu para exílio político em Londres, onde lançou o disco Caetano Veloso(1971), disco com temática melancólica e com canções compostas em inglês e endereçadas aos que ficaram no Brasil.

O disco Transa (1972) representou seu retorno ao país e seu experimento com compassos de reggae. Em 1976, uniu-se a Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia para formar os Doces Bárbaros, grupo influenciado pela temática hippie dos anos 1970, lançando um disco, Doces Bárbaros, e saindo em turnê. Na década de 1980, mais sóbrio, apadrinhou e se inspirou nos grupos de rock nacionais, aventurou-se na produções dos discos Outras Palavras, Cores, Nomes, Uns e Velô, e, em 1986, participou de um programa de televisão com Chico Buarque. Na década de 1990, escreveu o livro Verdade Tropical (1997) e o disco Livro (1998). Ganhou o Prêmio Grammy em 2000, na categoria World Music. Com o disco A Foreign Sound, cantou clássicos norte-americanos. Em 2006, lançou o álbum , fruto de sua experimentação com o rock e o underground. Unindo estes gêneros ao samba, Zii e Zie, de 2009, manteve a parceria com a Banda Cê, que encerrou-se no disco Abraçaço, de 2012.


Caetano Veloso é considerado um dos artistas brasileiros mais influentes desde a década de 1960, tendo já sido chamado de "aedo pós-moderno". Em 2004, foi considerado um dos mais respeitados e produtivos músicos latino-americanos do mundo, tendo mais de cinquenta discos lançados e canções em trilhas sonoras de filmes como Hable con Ella, de Pedro Almodovar e Frida, de Julie Taymor.

Ao longo de sua carreira, também se converteu numa das personalidades mais polêmicas no Brasil. É uma das figuras mais importantes da música popular brasileira e considerado internacionalmente um dos melhores compositores do século XX, sendo comparado a nomes como Bob Dylan, Bob Marley, John Lennon e Paul McCartney.

Foi eleito pela revista Rolling Stone o 4º maior artista da música brasileira de todos os tempos pelo conjunto da obra e pela mesma revista o 8º maior cantor brasileiro de todos os tempos.

                             Gilberto Gil

Gilberto Passos Gil Moreira, GCIH (Salvador, 26 de junho de 1942), é um cantor, compositor, multi-instrumentista, produtor culturale político brasileiro, conhecido por sua inovação musical e por ser vencedor de prêmios Grammys, Grammy Latino, galardeado pelo governo francês com a Ordem Nacional do Mérito (1997). Em 1999, foi nomeado "Artista pela Paz", pela UNESCO.

Gil foi também embaixador da ONU para agricultura e alimentação e ministro da Cultura do Brasil (2003–2008). Em mais de cinquenta álbuns lançados, ele incorpora a gama eclética de suas influências, incluindo rock, gêneros tipicamente brasileiros, música africana e reggae, por exemplo.

Aos dezoito anos de idade, Gilberto Gil formou com amigos o conjunto "Os Desafinados", conjunto instrumental onde ele revezava no acordeom e vibrafone. O grupo se apresentava em festas de aniversário, escolas e sedes de clubes de Salvador. Gil ficou no grupo até 1961. No final dos anos 50, aos dezessete anos, quando a bossa nova estava em ascensão, ele escutou o cantor e violonista baiano João Gilberto e, a partir de então, Gilberto abandonou o acordeom e passou a tocar violão

Inicialmente, utilizou o instrumento de sua irmã, até ter o seu - dado por sua mãe, posteriormente. Ele começou a escrever poemas, em sua maioria metrificados e influenciados pelos românticos Castro Alves e Gonçalves Dias, e o parnasiano Olavo Bilac, por exemplo. Oficialmente, sua carreira começou em 1962, compondo e tocando jingles. Tempos depois, "Bem Devagar", primeira canção composta por Gil, foi lançada em um compacto gravado pelo grupo feminino As Três Baianas, e ele participou da gravação tocando acordeom.


Nessa época, ele também participava cantando em programas da rede de televisão local, e gravou canções feitas para a Petrobras, "Povo Petroleiro", onde no lado B, Gil interpretou a marcha carnavalesca "Coça, Coça, Lacerdinha" - sua primeira gravação cantando, lançada pela gravadora JS Discos. No ano seguinte, Gil gravou e lançou o EP Gilberto Gil: Sua Música, Sua Interpretação, que continha quatro faixas composta pelo próprio.

Desse, fora extraído o single "Decisão", samba conhecido e rebatizado depois de "Amor de Carnaval". No final do mesmo ano, Gil conheceu Caetano Veloso - que havia conhecido Gil pela TV e o tinha como um ídolo - apresentado pelo produtor musicalRoberto Sant'Ana, e logo depois conheceu as cantoras Maria Bethânia e Gal Costa. Em junho de 1964, os quatro, Tom Zé e outros, realizaram o espetáculo "Nós, Por Exemplo...", inaugurando o Teatro Vila Velha, de Salvador, sob a direção geral de João Augusto e musical assinada por Gil e Santana, com repertório composto de canções próprias e de bossas de compositores como Dorival Caymmi.

"Individual", primeira apresentação solo de Gil, ocorreu no ano seguinte, no Vila Velha, sob a direção de Caetano. Gil passou a ter vida dupla, de manhã preparava-se para se tornar diretor da empresa, e à noite, frequentava lugares como Galeria Metrópole, onde conheceu e encontrou-se com diversos artistas, tocava e cantava em vários bares, como o Redondo e o Bossinha; no João Sebastian Bar, por exemplo, conheceu Chico Buarque.


Passou, então, a fazer parcerias com os letristas Capinan e Torquato Neto, além de participar com Caetano, Gal, Bethânia e Tom Zé, da "Arena canta Bahia", espetáculo dirigido por Augusto Boal, e encenado no Teatro Oficina. Gravou sua primeira fita demo e enviou para o escritório de uma editora musical. A fita possuía cerca de 30 minutos de duração, apresentando trechos de dezoito canções.

Em outubro, Gil cantou "Iemanjá", com Othon Bastos, no V Festival da Balança, promovido pelo Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, gravado pela RCA, sendo convidado pela gravadora, a lançar o primeiro single de sua carreira por um grande selo, "Procissão". 

Gilberto Gil ouvia músicas da Jovem Guarda, pois isso ajudou muito na sua carreira musical, mas não entrou pro movimento devido a oposição do Caetano Veloso ao Iê-Iê-Iê.

Chico Buarque

Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido como Chico Buarque (Rio de Janeiro, 19 de junho de 1944), é um músico, dramaturgo, escritor e ator brasileiro. É conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira (MPB). Sua discografia conta com aproximadamente oitenta discos, entre eles discos-solo, em parceria com outros músicos e compactos.

Filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda e de Maria Amélia Cesário Alvim, escreveu seu primeiro conto aos 18 anos, ganhando destaque como cantor a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum, Chico Buarque de Hollanda, e venceu o Festival de Música Popular Brasileira com a música A Banda.


Autoexilou-se na Itália em 1969, devido à crescente repressão do regime militar do Brasil nos chamados "anos de chumbo", tornando-se, ao retornar, em 1970, um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização no país. Na carreira literária, foi vencedor de três Prêmios Jabuti: o de melhor romance em 1992 com Estorvo e o de Livro do Ano, tanto pelo livro Budapeste, lançado em 2004, como por Leite Derramado, em 2010.

Foi casado por 33 anos (de 1966 a 1999) com a atriz Marieta Severo, com quem teve três filhas, Sílvia Buarque, Helena e Luísa. Chico é irmão das cantoras Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina. Ao contrário da crença popular, o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda era apenas um primo distante do pai de Chico.


Em 2 de dezembro de 2012, foi confirmado por Miguel Faria um documentário no qual apresentará um show de Chico organizado para a produção, mesclado com depoimentos dele e de outros nomes da música nacional, além de encenações com personagens das canções mais famosas do artista. O documentário foi lançado em 26 de novembro de 2015, com o nome Chico - Artista Brasileiro.

Trio Esperança

É um conjunto vocal de doo-wop e soul formado no Rio de Janeiro em 1958 pelos irmãos Mário, Regina e Evinha. Estreou em 1961 no programa de calouros de Hélio Ricardo e em seguida passou a apresentar-se no programa de José Messias, na Rádio Mundial, do Rio de Janeiro.

O sucesso foi atingido com o lançamento de Filme Triste (Sad Movie, versão de Romeu Nunes), incluído no LP "Nós Somos Sucesso" em 1963, ao lado da música, O Sapo (Jayme Silva e Neuza Teixeira).


O trio apresentou-se no programa Jovem Guarda, da TV Record, de São Paulo, destacando-se com Meu Bem Lollipop (My Boy Lollypop, versão de Gerson Gonçalves), Festa do Bolinha (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), Gasparzinho (Renato Correia).

Em 1968 a cantora Evinha deixou o grupo e passou a atuar sozinha, conseguindo o primeiro lugar, no "IV FIC", com a música, Cantiga por Luciana (Paulinho Tapajós e Edmundo Souto).


Integrado por outra irmã, Marisa, o conjunto gravou o LP "Trio Esperança", em 1970, com Primavera (Cassiano e Rochael); "Trio Esperança", em 1971, com Na Hora do Almoço (Belchior); "Trio Esperança", em 1974, com Arrasta a Sandália (Roberto Correia e John Lemos); e "Trio Esperança", em 1975, com Marambaia (Henricão e Rubens Campos), todos na EMI-Odeon. Residindo na Europa, as irmãs Eva, Regina e Mariza continuam ativas.

Os Novos Bahianos

Novos Baianos é um conjunto musical brasileiro, nascido na Bahia, ativo em seu auge entre os anos de 1969 e 1979 e que se reuniram novamente em 2016. Eles marcaram a música popular brasileira e até o rock brasileiro dos anos 70, utilizando-se de vários ritmos musicais brasileiros que vão de samba, bossa nova, frevo, baião, choro, afoxé e ijexá ao rock n' roll.

O grupo lançou oito trabalhos antológicos para MPB. Influenciados pela contracultura e pela emergente Tropicália. Contava com Moraes Moreira (compositor, vocal e violão), Baby Consuelo (vocal), Pepeu Gomes (Guitarra), Paulinho Boca de Cantor (vocal), Dadi (baixo) e Luiz Galvão (letras) entre outros.


O segundo disco do grupo, Acabou Chorare, que mescla guitarra elétrica, baixo e bateria com cavaquinho, chocalho, pandeiro e agogô, foi eleito pela revista Rolling Stone como o melhor disco da história da música brasileira em outubro de 2007. A história do grupo começou em 1969, com o espetáculo "O Desembarque dos Bichos Depois do Dilúvio Universal", no Teatro Vila Velha, em Salvador, Bahia, onde pela primeira vez se apresentaram juntos Luiz Galvão, agrônomo formado, Paulinho Boca de Cantor, ex-crooner da "Orquestra Avanço", o popular nas noites de Salvador Moraes Moreira, a única não-baiana do grupo, a niteroiense Baby Consuelo, e Pepeu Gomes. Moraes Moreira foi apresentado a Tom Zé, que era amigo de Galvão.

Baby Consuelo conheceu os dois (Moraes e Galvão) em um bar, enquanto passava as férias em Salvador. Mais tarde, Paulinho Boca de Cantor conheceu os três, e se uniu a eles. Dos membros que formariam o grupo mais tarde, apenas Pepeu Gomes era músico profissional e havia passado por diversas bandas anteriormente. Nas apresentações em palco e gravações, o grupo era inicialmente composto pelo um quarteto, acompanhado pelo grupo 'Os Leifs', mais tarde renomeado como A Cor do Som, do qual faziam parte o baixista Dadi, o baterista/percussionista Baixinho José Roberto Martins Macedo, o guitarrista Pepeu Gomes e seu irmão baterista, Jorginho Gomes. Pepeu Gomes foi incorporado definitivamente ao grupo após seu casamento com a vocalista da banda, Baby Consuelo, e, ao lado de Moraes Moreira, atua como arranjador musical do grupo. Em 1969, se inscreveram para o V Festival de Música Popular Brasileira com a canção "De Vera".


A origem do nome surgiu em decorrência de uma apresentação na Rede Record, quando, ainda sem nome definido para o grupo, o coordenador do festival, Marcos Antônio Riso gritou "Chama aí esses novos baianos!". Os Novos Baianos nunca se permitiram obedecer a gravadoras e empresários, tanto que, quando foram para São Paulo, se apresentaram em diversos programas de televisão, extrapolando o tempo previsto. Com a desclassificação de "Vera" do Festival da Record, Os Novos Baianos resolveram partir para o Rio de Janeiro. Lá, moravam todos juntos em quatro cômodos, o que resultou em um grande entrosamento entre os músicos. Em 1971, gravaram o segundo compacto simples, "Volta que o Mundo dá", e receberam a visita de João Gilberto, que viria a influenciá-los com o samba. Com a grande fusão de gêneros brasileiros, sugerida por João Gilberto e a guitarra de Pepeu Gomes, surgiu o mais consistente e lembrado disco do grupo.

Em Jacarepaguá, alugaram um sítio apelidado de "Cantinho do Vovô". Viviam de forma quase anárquica em pleno regime militar. Em uma nova gravadora, a Continental, lançam seu terceiro álbum de estúdio, Novos Baianos F.C., com inovações rítmicas e líricas. O disco ganhou um filme homônimo de Solano Ribeiro. Os Novos Baianos se mudam novamente, desta vez para uma fazenda em São Paulo, a convite de um executivo da Continental. Lá gravaram o quarto disco, Novos Baianos, mais conhecido por Alunte. O disco não vendeu tanto quanto os anteriores, o que levou a um desentendimento com a gravadora, e Moraes Moreira, principal compositor da banda resolveu partir para a carreira solo.

Secos & Molhados

Secos & Molhados foi um grupo vocal brasileiro da década de 1970 cuja formação clássica consistia de João Ricardo (vocais, violão e harmônica), Ney Matogrosso (vocais) e Gérson Conrad (vocais e violão). João havia criado o nome da banda sozinho em 1970 até juntar-se com as diferentes formações nos anos seguintes e prosseguir igualmente sozinho com o álbum Memória Velha (2000). No começo, as apresentações ousadas, acrescidas de um figurino e uma maquiagem extravagantes, fizeram a banda ganhar imensa notoriedade e reconhecimento, sobretudo por canções como "O Vira", "Sangue Latino", "Assim Assado", "Rosa de Hiroshima", que misturam danças e canções do folclore português como o Vira com críticas à Ditadura Militar e a poesia de Cassiano Ricardo, Vinícius de Moraes, Oswald de Andrade, Fernando Pessoa, e João Apolinário, pai de João Ricardo, com um rock pesado inédito no país, o que a fez se tornar um dos maiores fenômenos musicais do Brasil da época e um dos mais aclamados pela crítica nos dias de hoje.

Seu álbum de estréia, Secos e Molhados I (1973), foi possível graças às tais performances que despertaram interesse nas gravadoras, e projetou o grupo no cenário nacional, vendendo mais de 700 mil cópias no país. Desentendimentos financeiros fizeram essa formação se desintegrar em 1974, ano do Secos e Molhados II, embora João Ricardo tenha prosseguido com a marca em Secos & Molhados III (1978), Secos e Molhados IV (1980), A Volta do Gato Preto (1988), Teatro? (1999) e Memória Velha (2000), enquanto Gérson continuou a tocar sozinho. Do grupo, Ney Matogrosso é o mais bem-sucedido em sua carreira solo, e continua ativo desde Água do Céu Pássaro (1975).


Os Secos & Molhados estão inscritos em uma categoria privilegiada entre as bandas e músicos que levaram o Brasil da bossa nova à Tropicália e então para o rock brasileiro, um estilo que só floresceu expressivamente nos anos 80. Seus dois álbuns de estréia incorporaram elementos novos à MPB, que vai desde a poesia e o glam rock ao rock progressivo, servindo como fundamental referência para uma geração de bandas underground que não aceitavam a MPB como expressão.

O sucesso do grupo atraiu a atenção da mídia, que os convidou para várias participações na televisão. As mais relevantes foram os especiais do programa Fantástico, da Rede Globo. Sempre apareciam com maquiagens inusitadas, roupas diferentes sendo uma das primeiras e poucas bandas brasileiras a aderirem ao glam rock. Em fevereiro de 1974, fizeram um concerto no Maracanãzinho que bateu todos os índices de público jamais visto no Brasil – enquanto o estádio comportava 30 mil pessoas, outras 90 mil ficaram do lado de fora. Também em 1974 o grupo saiu em turnê internacional que, segundo Ney Matogrosso, gerou oportunidades de criar uma carreira internacional sólida.


A canção "O Vira" é passada para frente de geração à geração, e até hoje, trinta anos depois do fim da formação original do grupo, rádios e programas de televisão a executam. Em 2003 foi lançado o disco "Assim Assado: Tributo aos Secos & Molhados", que contavam com versões das músicas do disco de 1973 na voz de outros artistas. Entre eles, Nando Reis, Arnaldo Antunes, Pitty, Tony Garrido, Ritchie e outros.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

TROPICALISMO


“Eu organizo o movimento”, diz um verso de “Tropicália”, a canção-manifesto de Caetano Veloso, que deu nome a um dos movimentos mais férteis e efervescentes dos anos 60.

O autor não mentiu. Caetano foi de fato quem mais contribuiu para fixar as bases do tropicalismo, em 1967, firmando-se como seu maior mentor, compositor e divulgador.

Foi também no contexto dos festivais que se plantou a semente da Tropicália, exatamente quando as canções de protesto começavam a dar sinais de sectarismo e caretice, repetindo fórmulas musicais e poéticas.

Embora o movimento tenha sido enunciado em 1968, com o lançamento do álbum coletivo Tropicália ou Panis et Circensis, sua origem remonta ao Festival da Record do ano anterior, quando Caetano e Gilberto Gil apresentaram duas canções identificadas com as propostas éticas e estéticas do grupo: “Alegria, Alegria”, de Caetano, e “Domingo no Parque”, de Gilberto Gil.


Nelas, surgiam alguns elementos formadores do tropicalismo, como a preferência por letras descritivas e cinematográficas, o uso de guitarras elétricas em conjunção com instrumentos afro-brasileiros (coisa que os nacionalistas consideravam acintosa), e versos que citavam produtos industriais e ícones da cultura de massa, como em “eu tomo uma Coca-Cola”.

Sua consagração veio no ano seguinte, o interminável ano de 1968, quando as notícias que desembarcavam de Paris sugeriam novas formas de engajamento, uma nova atitude diante da revolução.

A pauta da liberdade política somava-se agora a outras pautas, essencialmente comportamentais, nas quais o conceito de liberdade extrapolava os contornos dos direitos civis para alcançar os direitos individuais.

Liberdade sexual, liberdade de escolhas, liberdade para usar drogas ou meter uma guitarra distorcida no meio de um samba, tudo isso começou a virar do avesso a estética gasta que predominava nas canções de protesto.


Além de Gil e Caetano, o movimento teve entre seus principais articuladores os também compositores Tom Zé, Capinan e Torquato Neto, as cantoras Gal Costa e Nara Leão, o grupo de rock Os Mutantes e os maestros Júlio Medaglia e Rogério Duprat.

Os dois últimos foram de fundamental importância para o sucesso da empreitada, uma vez que os arranjos concebidos para as principais gravações, desde “Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque”, ajudaram a compor o DNA da nova sonoridade.

Até Nara Leão, ex-musa da bossa nova e do Show Opinião, se aproximou dos tropicalistas, cantando no álbum coletivo Tropicália ou Panis et Circensis, de 1968.


Esse disco transbordava de novidades. Os músicos, em sua maioria baianos, faziam exatamente o que não podia ser feito. Ao menos segundo os cânones da música de protesto, tão em voga naquele período de patrulha generalizada.

Para melhor explicitar o objetivo de incorporar tudo o que era considerado alienígena ou de mau gosto, homenageavam a música cafona de Vicente Celestino, de quem Caetano regravou “Coração Materno”. Reverenciavam o iê-iê-iê alienado de Roberto Carlos, citado em “Baby”.

Contaminavam o batuque de “Bat Macumba” com rifes de guitarra distorcida. Abusavam de estrangeirismos (“I love you”, em “Baby”, “made in Brazil”, em “Geleia Geral”) e recomendavam a todos que aprendessem inglês.

Falavam de margarina, louvavam o Senhor do Bonfim. E ainda ousavam criticar o regime em rápidas incursões pelo universo bélico, como na presença do policial que tudo observa em “Lindonéia” ou no disfarçado tripé brasil-fusil-canhão, soletrado à moda baiana em “Miserere Nobis “: “be-re-a-bra, ze-i-le-zil/ fe-u-fu, ze-i-le-zil/ ce-a-ca, nê-agá-ao-til-nhão/ ora pro nobis/ ora pro nobis”.

“Afinal, ele é nosso avô”, chegou a declarar Tom Zé para justificar por que achava que Chico Buarque, oito anos mais novo do que ele, deveria ser respeitado. Isso porque Chico preferia compor sambas e marchinhas, estilos musicais fundados na tradição, enquanto os tropicalistas difundiam o projeto de modernizar a música brasileira, a partir da apropriação de elementos externos, instrumentos elétricos e temas representativos da sociedade de consumo. “Nem toda loucura é genial, nem toda lucidez é velha”, escreveu Chico Buarque, num artigo de jornal, para rebater a patrulha de Tom Zé, ainda em 1968.


Como numa fábula, o feitiço se disseminara rapidamente pela música brasileira entre 1967 e 1968, ano em que Caetano, Gil, Tom Zé e Os Mutantes lançaram discos altamente influenciados pelas teses do movimento (o LP de Gal sairia no comecinho do ano seguinte).

A influência do tropicalismo chegou às artes e à moda, contribuindo para disseminar no país os cabelos compridos, os adereços hippies, os princípios do manifesto antropofágico de Oswald de Andrade e o conceito recente de contracultura.

Todo esse pessoal, no final de 1968, reuniu-se no palco do programa Divino Maravilhoso, criado pela TV Tupi na esteira da onda tropicalista.

Mas o movimento praticamente desapareceu em 1969. A prisão de Caetano e Gil às vésperas do Natal de 1968, dez dias depois do AI-5, e seu exílio em Londres por dois anos contribuíram para sufocar o grito libertário daquela turma, embora suas influências se estendam a toda a obra posterior desses artistas.

Sem deixar de dialogar com os dilemas do Brasil e da identidade nacional, os tropicalistas abriram a música nacional, tanto filosófica quanto geograficamente, deixando-se envolver em lufadas de rock.

O movimento legitimou as raízes do que viria a ser o rock brasileiro, inaugurado ainda nos anos 60 com Os Mutantes, e consolidado a partir da década seguinte, primeiro com Raul Seixas e Secos & Molhados, desde 1973, e, em seguida, com bandas atuantes no período da abertura e das Diretas, como a Blitz e o Ultraje a Rigor.


“Alegria, Alegria (Caetano Veloso) Principal intérprete: Caetano Veloso”. Caetano Veloso foi buscar no bordão do showman Wilson Simonal, o rei da pilantragem, o título da canção que deflagrou a Tropicália. Ao mostrá-la no Festival da Record de 1967, o baiano chocou o público com o ineditismo de um arranjo repleto de guitarras, e uma letra que falava em coca-cola ao mesmo tempo em que servia de manifesto paz e amor com seus desencanados versos iniciais: “Caminhando contra o vento/ sem lenço sem documento/ num sol de quase dezembro…”.

“Domingo no Parque (Gilberto Gil) Principal intérprete: Gilberto Gil”. Tal qual “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso, “Domingo no Parque” surgiu no Festival da Record de 1967 para confundir. Com uma cadência calcada no toque de um berimbau, como um ponto de capoeira, a harmonia da canção se servia das guitarras d’Os Mutantes para combinar tradição e modernidade, regionalismo e cosmopolitismo. Tudo isso numa letra longa e fragmentada que parecia converter num vertiginoso roteiro de cinema uma sinopse emprestada de uma coluna policial de um jornal popular.

“Divino Maravilhoso (Caetano Veloso e Gilberto Gil) Principal intérprete: Gal Costa”. Gal Costa começou o ano de 1968 como a menina doce que cantava bossa nova, ganhando na Bahia o apelido de “João Gilberto de saias”, e terminou como a tresloucada garota de cabeleira desgrenhada que gritava “é preciso estar atento e forte”, alto o bastante para esconder as vaias que recebeu na final do 4º Festival da Record. As guitarras ainda incomodavam parte do público. Mesmo assim, “Divino Maravilhoso” ficou em terceiro lugar. Bastou para que a TV Tupi criasse a toque de caixa um programa com o mesmo nome, no qual Gal Costa, Caetano, Gil, Tom Zé e Os Mutantes recebiam convidados como Jorge Ben e outros. Graças à cantora, então mais conhecida como a intérprete de “Baby”, o tropicalismo chegava à televisão.

“Tropicália (Caetano Veloso) Principal intérprete: Caetano Veloso”. A música-manifesto do movimento foi lançada num álbum solo de Caetano Veloso, em janeiro de 1968, e funcionou como uma espécie de trailer, ou teaser, do fenômeno que estava prestes a deflagrar. Como num preâmbulo, a canção apenas sugeria o que viria a ser o tropicalismo propriamente dito, conceituado e consolidado meses depois, no álbum coletivo homônimo (formado apenas por músicas inéditas, ele não inclui a canção “Tropicália”). Aqui, Caetano surge em clima de suspense, abrindo caminho em meio à mata tropical para seu bloco passar, não sem prestar a devida homenagem a tudo o que o precedia: “A Banda”, Carmen Miranda, O Fino da Bossa, “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”, tudo isso já era passado.

“Baby (Caetano Veloso) Principal intérprete: Gal Costa”. Sem dúvida o maior hit do álbum seminal do movimento, essa canção foi feita por Caetano para ser gravada por Maria Bethânia. Ela inclusive tinha dado algumas orientações, como a sugestão do título, e as menções a Roberto Carlos e a uma camiseta na qual fosse possível ler “I Love you”. Como a irmã de Caetano optou por ficar fora do movimento, mantendo a postura de artista independente que a caracterizou por toda a vida, o hit caiu no colo de Gal Costa.


A música popular como veículo de crítica e resistência às ditaduras militares não foi importante apenas no Brasil. Além de estarem ligadas aos movimentos de esquerda que defendiam mudanças na América Latina, a canção engajada foi um importante foco de resistência depois dos golpes de Estado.

Genericamente conhecida como “nueva canción”, a canção engajada denunciava as mazelas sociais, mobilizava as paixões políticas, elogiava os heróis individuais e coletivos que lutaram (no passado longínquo) e ainda continuavam lutando nos idos dos anos 1960 e 1970 por uma nova realidade na América Latina.

A Tropicália foi bastante influenciada pela Guerra Fria e muitos membros do movimento eram contra a Guerra do Vietnã e pediram a retirada dos Estados Unidos do conflito. Outros membros eram apoiadores da União Soviética, pois para eles, defender a União Soviética é defender os direitos do trabalhador.

A década de 1960 era de intensa transformação cultural: Hélio Oiticica, mudava o rumo das artes. No cinema, Glauber Rocha filmava Terra em transe e Joaquim Pedro de Andrade, Macunaíma. Chico Buarque escrevia "Roda Viva", em 1966, e José Celso Martinez Corrêa montava O Rei da Vela, de Oswald de Andrade. A proposta, ou a transformação requerida pelo tropicalismo, consistia em deglutir todas as tendências, informações, manifestações do pensamento e então expressar a realidade do artista brasileiro.



Pop Art

A grande diferença entre as duas propostas (a antropofágica e a tropicalista) é que a primeira estava interessada na digestão da cultura erudita que estava sendo exportada, enquanto os tropicalistas incorporavam todo tipo de referencial estético, seja erudito ou popular.

Acrescente-se a isso uma novidade: a incorporação de uma cultura não necessariamente popular, mas pop). O movimento, neste sentido, foi bastante influenciado pela estética da pop art e reflete no Brasil algumas das discussões de artistas pop (como Andy Warhol).

Ainda que tenha sido bastante influenciado por movimentos artísticos que costumam estar associados à ideia de vanguarda negativa, o Tropicalismo também se manifestou como um desdobramento do Concretismo da década de 1950 (especialmente da Poesia concreta). A preocupação dos tropicalistas em tratar a poesia das canções como elemento plástico, criando jogos linguísticos e brincadeiras com as palavras é um reflexo do Concretismo.



Fim do Tropicalismo

Em 1968, os Mutantes realizaram o seu último concerto com Caetano e Gil. Foi durante a conturbada temporada na carioca boate Sucata, no qual ocorreu o famoso incidente da bandeira nacional, que, supostamente, foi desrespeitada, no entender dos militares que governavam o Brasil naquela época. 

Durante o espetáculo, foi pendurada no cenário do espetáculo uma bandeira, obra do artista plástico Hélio Oiticica, com a inscrição "Seja Marginal, Seja Herói", com a imagem de um traficante famoso naquela época, o Cara-de-Cavalo, que havia sido assassinado violentamente pela polícia.

Os militares alegaram ainda que Caetano teria cantado o Hino Nacional inserindo versos ofensivos às Forças Armadas. Isto tudo serviria de pretexto político para que os militares suspendessem a apresentação e prendessem Caetano e Gil, posteriormente, soltos e exilados no Reino Unido. O episódio é considerado como o fim do movimento vanguardista.

Pós-Tropicalismo

O pós-tropicalismo (1969-1974) foi um movimento surgido logo após o tropicalismo, sendo caracterizado por músicas de caráter "sombrio", a automarginalização, a solidão, a tristeza, a escuridão, a temática da morte e o sentimento de derrota. Os músicos surgiram com uma postura do baixo astral, da frustração dos sonhos de resistência e da própria derrota, assumindo posturas hippies ou "alternativas”.

Teve como sua maior representante a cantora Gal Costa, que já era considerada a musa do movimento tropicalista e após a prisão e o exílio de Caetano e Gil, permaneceu como a única porta voz do movimento, adotando uma postura mais agressiva no início e posteriormente mais hippie.

Carmen Miranda a "pequena notável", acabou por expor ao mundo uma visão caricata e estereotipada do Brasil. No auge da "política da boa vizinhança" entre os Estados Unidos e a América do Sul, sua imagem latina era explorada pelos estúdios à exaustão. Tal exposição internacional fez despertar na intelectualidade brasileira um certo sentimento de desprezo por sua figura, acusando-a de tornar-se "americanizada".

As imagens de Carmen Miranda voltam à cena durante o movimento tropicalista. Ícone da cultura popular e do exagero estético, sua figura era evocada menos por sua importância musical na cena brasileira e mais pela sua vinculação a uma imagem estereotipada e "tropical" do Brasil. A cantora viria a ser assumida como um dos ícones tropicalistas, estando presente tanto nas letras de canções (como "Tropicália", de Caetano Veloso), quanto nas imitações dos trejeitos da artista – o torcer das mãos e o revirar dos olhos – com que Caetano Veloso por mais de uma vez brindou/provocou a plateia.

Músicas Tropicalistas Mais Populares

"Tropicália" (Caetano Veloso, 1968)

"Alegria, Alegria" (Caetano Veloso, 1967)

"Domingo no parque" (Gilberto Gil, 1967)

"Panis et Circencis" (Gilberto Gil e Caetano Veloso, 1968)

"Atrás do trio elétrico", (Caetano Veloso, 1969)

"Cadê Tereza" (Jorge Ben Jor, 1969)

"Aquele Abraço" (Gilberto Gil, 1969)

"País Tropical" (Jorge Ben Jor, 1969)

"A Minha Menina" (Os Mutantes, 1968)

"Divino, Maravilhoso" (Gal Costa, 1968)